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quinta-feira, 11 de abril de 2013

A VIDA CRISTÃ SEGUNDO PEDRO



Pedro, em sua segunda carta à igreja primitiva procurou incentivar a vida cristã em sua plenitude (2Pe 1:5-7). Para ele viver é mais do seu estar vivo. Viver é crescer.
 Por essa razão ele descreve os  degraus que devem ser escalados rumo a essa plenitude cristã.
 Primeiramente é necessário ter fé. Paulo já havia dito isso em sua carta aos Hebreus. "Sem fé", disse ele, " é impossível agradar a Deus, porque  é necessário que aquele  que se aproxima Dele creia que Ele existe e se torna galardoador dos que O buscam" (Hb 11:6).
Parafraseando diríamos que para viver a vida  cristã é preciso acreditar que vale a pena investir nesse estilo de vida. É esse o papel da fé:  fornecer a razão  e dar a motivação necessária para o cultivo da vida cristã. É preciso crer que haja recompensa futura ou imediata para justificar um estilo de vida tão particular.
O crescimento  é doloroso porque representa rompimento com o passado, com um estado anterior de acomodação. Existe sim a dor do crescimento, existem os dissabores dos “desajeitos” do processo, existem as consequências do resultado do crescimento.  Para suportar  essa dor é preciso acreditar que vale a pena crescer. Para não temer as consequências da maturidade é preciso acreditar que haverá também ganhos. É o papel da fé.
Podemos pensar também que o cristão procura crescer para servir a Deus com mais propriedade. Nesse caso entra o conceito  Paulino  de fé, crer que Deus existe e é o galardoador dos  o que O servem.
Penso que limitar o crescimento cristão ao conceito de servir a Deus somente, apequena  a vida. Viver de modo cristão é mais do que servir a Deus, é também servir ao próximo, é crescer porque é digno crescer.
Para tudo isso é preciso ter fé. Fé em Deus,  fé na dignidade da vida, fé na dignidade do servir.
Mas Pedro continua dizendo: "acrescentai à vossa fé a virtude".
 O que seria essa virtude?
O Dicionário Eletrônico da Editora do Porto assim define:
“Disposição habitual  para a prática  do bem; probidade; retidão;
Qualidade ou conjunto de boas qualidades morais; excelência moral;
Ação virtuosa; força moral; valentia; valor; coragem; austeridade no viver.”
Fiquemos com a definição de virtude como probidade, retidão, excelência moral, disposição para a pratica  do bem. Quem entende  que vale a pena viver como cristão dedica-se  ao esforço de um viver  de excelência. Esforça-se  à prática de atos de probidade e justiça.
É difícil viver, negociar, trabalhar  com quem não pratica a retidão  ou não possui  excelência moral.
No livro de provérbios (Pv 31) encontramos as características de uma mulher virtuosa. Penso que seria melhor dizermos pessoa virtuosa.
Diz o texto que uma pessoa assim tem valor inestimável porque é digna de confiança. Ela procura  fazer o bem, isto é beneficiar as pessoas que dependem dela. É diligente, cuidadosa, responsável, provê o pão aos seus dependentes e não sossega enquanto não os vê alimentados. Investe no futuro cultivando os valores, cuidando do planeta, das relações familiares e do bem-estar  dos familiares e amigos. Socorre os necessitados, protege os bens da família, anima os cansados, estimula um viver ético e o cumprimento dos deveres.
Mas Pedro continua dizendo que à virtude deve-se acrescentar o conhecimento, a ciência. Virtude, excelência moral, sem ciência é simplismo. Dispõe o sujeito a ser manipulado facilmente, torna-o ingênuo. Há pessoas consideradas boas, mas que na realidade são ingênuas. Bom é aquele que sabe o que faz e por que faz. Excelência moral tem aquele que tem opções e escolhe viver retamente.
A virtude é uma escolha e a escolha pressupõe opções. Opção é privilégio de quem conhece. Quem cumpre os deveres por falta de opção é escravo. Quem faz o bem sem entender o que está fazendo, sem ter consciência das possíveis consequências, é um ingênuo.
Pedro não fala de ingenuidade e não quer que como pessoas eleitas (1Pd 2:9) sejamos ingênuos. Por essa razão ele diz que devemos acrescentar o conhecimento à nossa vida. Tudo que formos fazer deve ser por opção para que tenha valor moral.
Jesus disse que Deus quer adoradores que O adorem em espírito e em verdade ( Jo 4:24), isto é, que as boas práticas sejam conscientes, que o louvor seja sábio e adequado à ocasião, que as palavras não sejam ingenuamente repetidas, que a reverência não seja imposta ou mecânica, que o discurso (sermão) seja interessante e instrutivo, que cada um procure saber o seu lugar e contribua com o seu melhor.
“Portanto, acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude o conhecimento”, disse Pedro.


Ele diz que tendo adquirido conhecimento deve-se acrescentar a temperança. O dicionário da Editora Porto define temperança como a “capacidade de moderar o próprio desejos e reações”. É a capacidade de controlar-se. Controlar o apetite e o consumo. Usar adequadamente o tempo, buscar a qualidade de vida e a qualidade nos  relacionamentos. Moderação no trabalho, no uso de refrigerantes e alimentos não recomendados pela ciência.
Uma vez adquirida a temperança, a paciência deve ser buscada. “A capacidade de suportar males, incômodos e dificuldades com tranquilidade”. Não é por acaso que a paciência esteja após a virtude, o conhecimento e a moderação.
Após  a paciência vem a piedade, isto é, a compaixão, o respeito, a disposição para apoiar, perdoar e socorrer.
Tudo isso contribui para o desenvolvimento do amor fraternal, isto é, o amor pelos irmãos e somente depois vem o amor universal.
Antonio Sales  profesales@hotmail.com
Nova Andradina, 11 de abril de 2013.