Pedro, em sua segunda carta à
igreja primitiva procurou incentivar a vida cristã em sua plenitude (2Pe 1:5-7).
Para ele viver é mais do seu estar vivo. Viver é crescer.
Por essa razão ele descreve os degraus que devem ser escalados rumo a essa plenitude cristã.
Por essa razão ele descreve os degraus que devem ser escalados rumo a essa plenitude cristã.
Primeiramente é necessário ter fé. Paulo já
havia dito isso em sua carta aos Hebreus. "Sem fé", disse ele, "
é impossível agradar a Deus, porque é
necessário que aquele que se aproxima
Dele creia que Ele existe e se torna galardoador dos que O buscam" (Hb
11:6).
Parafraseando diríamos que para
viver a vida cristã é preciso acreditar
que vale a pena investir nesse estilo de vida. É esse o papel da fé: fornecer a razão e dar a motivação necessária para o cultivo
da vida cristã. É preciso crer que haja recompensa futura ou imediata para
justificar um estilo de vida tão particular.
O crescimento é doloroso porque representa rompimento com o
passado, com um estado anterior de acomodação. Existe sim a dor do crescimento,
existem os dissabores dos “desajeitos” do processo, existem as consequências do
resultado do crescimento. Para
suportar essa dor é preciso acreditar
que vale a pena crescer. Para não temer as consequências da maturidade é
preciso acreditar que haverá também ganhos. É o papel da fé.
Podemos pensar também que o
cristão procura crescer para servir a Deus com mais propriedade. Nesse caso
entra o conceito Paulino de fé, crer que Deus existe e é o galardoador
dos o que O servem.
Penso que limitar o crescimento
cristão ao conceito de servir a Deus somente, apequena a vida. Viver de modo cristão é mais do que
servir a Deus, é também servir ao próximo, é crescer porque é digno crescer.
Para tudo isso é preciso ter fé.
Fé em Deus, fé na dignidade da vida, fé
na dignidade do servir.
Mas Pedro continua dizendo:
"acrescentai à vossa fé a virtude".
O que seria essa virtude?
O que seria essa virtude?
O Dicionário Eletrônico da
Editora do Porto assim define:
“Disposição habitual para a prática do bem; probidade; retidão;
Qualidade ou conjunto de boas
qualidades morais; excelência moral;
Ação virtuosa; força moral;
valentia; valor; coragem; austeridade no viver.”
Fiquemos com a definição de
virtude como probidade, retidão, excelência moral, disposição para a
pratica do bem. Quem entende que vale a pena viver como cristão
dedica-se ao esforço de um viver de excelência. Esforça-se à prática de atos de probidade e justiça.
É difícil viver, negociar,
trabalhar com quem não pratica a
retidão ou não possui excelência moral.
No livro de provérbios
(Pv 31) encontramos as características de uma mulher virtuosa. Penso que seria
melhor dizermos pessoa virtuosa.
Diz o texto que uma
pessoa assim tem valor inestimável porque é digna de confiança. Ela
procura fazer o bem, isto é beneficiar
as pessoas que dependem dela. É diligente, cuidadosa, responsável, provê o pão
aos seus dependentes e não sossega enquanto não os vê alimentados. Investe no
futuro cultivando os valores, cuidando do planeta, das relações familiares e do
bem-estar dos familiares e amigos.
Socorre os necessitados, protege os bens da família, anima os cansados,
estimula um viver ético e o cumprimento dos deveres.
Mas Pedro continua
dizendo que à virtude deve-se acrescentar o conhecimento, a ciência. Virtude,
excelência moral, sem ciência é simplismo. Dispõe o sujeito a ser manipulado
facilmente, torna-o ingênuo. Há pessoas consideradas boas, mas que na realidade
são ingênuas. Bom é aquele que sabe o que faz e por que faz. Excelência moral
tem aquele que tem opções e escolhe viver retamente.
A virtude é uma escolha
e a escolha pressupõe opções. Opção é privilégio de quem conhece. Quem cumpre
os deveres por falta de opção é escravo. Quem faz o bem sem entender o que está
fazendo, sem ter consciência das possíveis consequências, é um ingênuo.
Pedro não fala de
ingenuidade e não quer que como pessoas eleitas (1Pd 2:9) sejamos ingênuos. Por
essa razão ele diz que devemos acrescentar o conhecimento à nossa vida. Tudo
que formos fazer deve ser por opção para que tenha valor moral.
Jesus disse que Deus
quer adoradores que O adorem em espírito e em verdade ( Jo 4:24), isto é, que
as boas práticas sejam conscientes, que o louvor seja sábio e adequado à
ocasião, que as palavras não sejam ingenuamente repetidas, que a reverência não
seja imposta ou mecânica, que o discurso (sermão) seja interessante e
instrutivo, que cada um procure saber o seu lugar e contribua com o seu melhor.
“Portanto, acrescentai
à vossa fé a virtude, e à virtude o conhecimento”, disse Pedro.
Ele diz que tendo adquirido
conhecimento deve-se acrescentar a temperança. O dicionário da Editora Porto define temperança como a “capacidade de
moderar o próprio desejos e reações”. É a capacidade de controlar-se. Controlar
o apetite e o consumo. Usar adequadamente o tempo, buscar a qualidade de vida e
a qualidade nos relacionamentos.
Moderação no trabalho, no uso de refrigerantes e alimentos não recomendados
pela ciência.
Uma vez adquirida a temperança, a paciência deve ser buscada. “A capacidade
de suportar males, incômodos e dificuldades com tranquilidade”. Não é por acaso
que a paciência esteja após a virtude, o conhecimento e a moderação.
Após a paciência vem a piedade,
isto é, a compaixão, o respeito, a disposição para apoiar, perdoar e socorrer.
Tudo isso contribui para o desenvolvimento do amor fraternal, isto é, o
amor pelos irmãos e somente depois vem o amor universal.
Antonio Sales profesales@hotmail.com
Nova Andradina, 11 de
abril de 2013.