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sexta-feira, 2 de agosto de 2013

QUANDO A PORTA BATE NA SUA CARA



“Bater a cara na porta” é uma expressão popular que indica ter errado o alvo, ter falado com a pessoa errada ou na hora imprópria. Não ter conseguido o desejado.
Receber a “porta na cara” significa não ser atendido, não ser ouvido, ser maltratado, ser ignorado.
O patriarca Jó, personagem bíblico conhecido por ter enfrentado um profundo golpe maligno, tinha a impressão de que Deus lhe batera a porta na cara.
Enquanto os seus amigos procuram em alguns momentos consola-lo e em outros, culpa-lo pelo acontecido, Jó apelava frequentemente para que Deus se manifestasse e lhe dissesse o que estava acontecendo. Ele queria saber o significado de tudo aquilo, porque lhe sobreviera tamanho mal, se ele agia com justiça.
O curioso é que Deus em nenhum momento respondeu as perguntas de Jó.
Permaneceu a maior parte do tempo em silêncio e quando falou discorreu sobre coisas secundárias ao problema de Jó. Tudo que ele disse foi para dar a entender que Jó não entendia de nada.
Ele bateu a porta na cara de Jó.
Outra pessoa expressiva que sentiu o vento vazio da porta vindo em sua direção foi C.S. Lewis, escritor inglês. Quando sua esposa morreu de câncer ele sentiu-se desamparado e clamou a Deus por uma explicação. Depois ele escreveu que um das situações mais inquietantes é que Deus guarda silêncio quando você mais precisa Dele.
Jesus clamou “Deus, meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (Mt 27:46) e Deus não lhe respondeu uma única palavra sequer. Por ter clamado pela explicação divina Jesus foi zombado (Mt 27:47) e mesmo assim Deus guardou silêncio.
Deus bateu a porta na Sua cara também.
Jó clamou “por que Te escondes?” (Jó 13: 24) e Jesus clamou “por que me desamparastes”. Ambos ficaram sem resposta.
Um amigo meu depois de perder um irmão em um trágico acidente confessou: "se há algum propósito nisso eu não consigo ver. Se Deus tinha intenção de me ajudar eu não entendi até agora como posso ser ajudado pela morte do meu irmão".
Questões que nos intrigam. Questões sem respostas. Questões sobre as quais Deus silencia.
Em um momento profundamente angustiante da minha vida clamei a Deus por socorro e aguardei um tempo. Por ter ouvido um silêncio atordoador como resposta, por ter sentido o vento da porta vindo minha direção, desabafei com Ele: "vou agir do meu modo. Se der errado, por favor, não venha me condenar". Quando confessei isso para alguém a pessoa confessou que não entendia o meu modo de tratar com Deus.
Gostaria de entender melhor as pessoas que dizem ter ouvido a voz de Deus.  Gostaria de saber o que fizeram para que Ele os ouvisse e respondesse. Comigo Ele sempre guardou silêncio.
Não duvido da Sua existência e nem do Seu amor, mas não entendo o Seu modo de tratar comigo e com tanto outros. Não entendo o Seu silêncio quando mais necessito Dele ou quando gostaria de ouvir a Sua opinião.
Mas, Ele já falou, dirá alguém. Já falou pelos profetas, retrucam todos com os quais desabafo as minhas inquietações.
Minha questão é: e se os profetas não disseram tudo? E se alguma coisa do que falaram se perdeu? E se minha questão não foi respondida por nenhum profeta?
O mundo mudou tanto, não é verdade? As circunstâncias mudaram tanto, não é mesmo? As circunstâncias atuais podem requerer o mesmo comportamento ético ou moral, mas exigir uma resposta técnica, cientifica, social, política ou teológica diferente.
Onde está Deus quando bato na Sua porta? Por que Ele se esconde quando clamo? Por que guarda silêncio quando solicito orientação?
Por que não Se mostra quando um adversário, supostamente, antiético se manifesta ou me interpela? Por que não diz de que lado está a verdade?
Talvez Ele queira que eu aprenda a dialogar, que aprenda a conviver com as diferenças. Mas, tem gente insuportável pela indiferença evidente, pela ironia estampada no rosto ou pela grosseria!  Até com esses tenho que dialogar?
Talvez Ele queira que eu aprenda a ser tolerante. Tenho que tolerar até os indiferentes e os exploradores da ignorância ou da fragilidade do outro?  Qual a linha divisória entre a tolerância e a permissividade?
Tantas questões, nenhuma resposta divina.
Você, leitor, já teve experiência semelhante? Já questionou a Deus e não obteve resposta ou você é mais privilegiado do que Jó?
Diante dessa aparente indiferença divina, como entender Jesus quando Ele disse que Deus é solícito e dá coisas boas aos Seus filhos antes que peçam? (Mt 7: 7-11)
Antonio Sales         profesales@hotmail.com
Dourados, 02 de agosto de 2013

5 comentários:

  1. Deus está sempre falando com vc amigo,Ele nunca Se ausenta de vc. O que precisamos é intender a vos. Ele fala em tua alma. Na maior parte de nossa vida, precisamos deixar por conta Dele. O que é do Espírito; é ESPÍRITO.Quando vc menos espera as coisas acontecem, e assim tudo é abençoado, precisamos ser gratos a Deus por cada dia que amanhece

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    1. Obrigado amigo pela contribuição. Mas, não esqueçamos de que por mais que nos esforcemos para sermos fortes, por vezes sentimos falta de um "toque no ombro", de ouvir uma explicação.

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  2. Olá Sales. forte esse "Bater a porta na cara", ainda mais vindo de Deus. Mas acredito que em algum momento de nossas vidas e por sermos humanos com mil defeitos,muitas pessoas já sentiram esse desamparo de Deus e sentiram essa ação da porta na cara sem ser atendido, sem resposta, sem ajuda. Quantos gritos de socorro se perderam no ar esperando ajuda, respostas,e nada. Eu já passei por experiência de ver a porta batendo na cara. O que consegui entender depois de um tempo é que na sua infinita bondade, silenciosamente Deus está agindo, escrevendo parte de nossas vidas, dando rumo a muitas coisas que não conseguimos mais "colocar nos trilhos". É o tempo "DELE', quem não está respeitando somos nós. Não consigo explicar qual o propósito na morte de um irmão ou de uma pessoa querida, mas com certeza Deus tem uma explicação, mas não conseguimos fazer a leitura de tal ato, então sofremos e nos torturamos com isso. Entendo essa aflição, mas não quero deixar de acreditar que há sim propósitos por tantos atos sem respostas. Continuamos batendo na porta "Dele" quando necessitarmos, sei que escutará e de tanto batermos um dia escutaremos sua resposta. Mais uma vez me surpreendes!!És admirável. Fica com Deus.

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    1. Observações oportunas, Mariza. Nem sempre entendemos os caminhos de Deus e é necessário que assim seja para que Ele continue sendo Deus. No entanto, como seres humanos, sentimos falta de um toque, de alguma explicação.
      Partilho do seu ponto de vista e não tenho muito mais a acrescentar.
      Abraços

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  3. Olá, entendo essa falta de toque, de explicação que falas. Abraços

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