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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

RELIGIÃO: REFÚGIO OU FUGA?

Refúgio tanto pode significar fuga como proteção, amparo. Neste texto, porém, ele está sendo tomado com o sentido de proteção, ponto de apoio e fuga está sendo tomada com o sentido de escape, retirada. Portanto, aqui, eles não são sinônimos.
A religião pode ser um refugio contra a falta de esperança ou fuga da realidade.  Refúgio contra a dor emocional ou fuga dos compromissos com a verdade ou com os bons relacionamentos.  Refúgio contra a finitude humana ou fuga da responsabilidade social. Ponto de apoio para construir amizades ou fuga das amizades.  Busca de superação ou uma forma de esconder a mediocridade.  
A religião,  para uns é liberdade. Liberta dos preconceitos, alarga a mente, facilita os relacionamentos, eleva a autoestima  e dá forças para superar a dor. Para outros é uma prisão. Produz preconceitos, cauteriza a consciência,  dificulta o estabelecimento de novas amizades, estimula a exigência e a  incompreensão, estreita a mente e ainda pode produzir a falsa de segurança de que se está com a verdade. Para outros ainda ela é um esconderijo, um lugar de fuga. Usam-na para fugir de servir ao exército, para não participar da vida pública, para desculpar a falta de sucesso, para buscar culpados, para não prestar socorro (o levita e o sacerdote Lc 10: 25-37) e assim por diante.
O salmista buscava refúgio  na religião.  Ele ia ao templo (Sl 73) em busca de compreensão,  buscava conforto e amizade  em Deus (Sl 3;4; 23) ia o templo em busca de proteção (Sl 46). Os judeus no tempo de Cristo usavam a religião como fuga.  Jesus os condenou por usarem a religião para fugirem da responsabilidade de cuidar dos pais (Mc 7:8).
João Batista foi direto ao ponto quando disse aos judeus que eles o procuravam e queriam ser batizados para fugir da ira futura (Mt 3:7).
Ainda hoje há muitos que usam a religião para desculpar a falta de tato para lidar com o cônjuge ou com os filhos, para não cumprir determinados deveres escolares, etc. Um biógrafo de Nelson Mandela (STENGEL,  2010)  nos conta que tão logo o biografado se casou ele se envolveu com a luta contra o regime do apartheid e que sua esposa não o acompanhou. Ao invés disso, ela se refugiou na religião. Uma religião que prega a não participação. O casamento se desfez.
Não realidade na nossa perspectiva a ex-esposa de Mandela ela não buscou refúgio na religião. Ela fugiu para a religião. Fugiu de apoiar o marido, fugiu de incentivar outros à luta e assim por diante.
Quem busca refúgio não foge à luta, apenas quer reforço, maior segurança, um ponto de apoio. Foi assim com o salmista.
Campo Grande, 15 de outubro de 2011.
Antonio Sales              profesales@hotmail.com
Referência Bibliográfica
STENGEL, Richards. Os caminhos de Mandela: lições de vida, amor e coragem. São Paulo: Globo, 2010.

7 comentários:

  1. Amei o texto!!! Para mim a religião é conforto, encontro com o outro e com Deus; na minha religião aprendemos que Deus é bom e é Pai... Posso afirmar que me tornei um ser humano melhor, mais compreensivo quando abracei de fato a minha fé!

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  2. Pra mim religião é remédio,algo que eu sempre procurava para aliviar a dor,remédio que acalma a dor,remédio que da mais vontade de lutar pela vida , esse remédio se chama Deus.Acredito que muitos procurem a religião como remédio para resolver dores que estão dentro do coração,encontrei esse remédio em Jesus Cristo.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Remédio, conforto, amparo, ponto de apoio. Tudo pode. Só não pode ser fuga.

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  5. Religião é o homem vivendo seus interesses pessoais dentro da religiosidade.

    A religião é algo terreno, algo fraco, e envolve diversos interesses pessoais, posições sociais, envolve muito falar, aparências.

    A religião foi um meio que o homem criou para tentar chegar até Deus.

    Jesus os chamava de hipócritas, de raças de víboras, de sepulcro caiados. Jesus revelou que ele poderiam até parecer bonitos por fora, mas eram podres em seus interiores.

    Ame sua religião, pratique sua religião, mas não se torne cego. Não se torne um fanático fundamentalista.


    Jesus Cristo não pregou religião, ou código doutrinário...Ele nos ensinou a doutrina moral, para que fizéssemos uma reforma intima.
    Seu Evangelho foi, em certo sentido, profundamente rebelde a anti-religioso.

    Cristo é mais importante que instituições e regras religiosas.

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  6. Olá Fabiane
    Excelente contribuição. Concordo que viver os princípios do evangelhos é mais importante do que usar a religião apenas como fuga.

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