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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

CONSIDERAÇÕES SOBRE O DESENHO INTELIGENTE

  
Era a segunda quinzena de maio de 2008. Abri a caixa de e-mails e recebi a mensagem: “ professor, ajude-me. É verdade que nós cremos no desenho inteligente?
Aqui na Europa estamos atordoados. Uma revista francesa do porte da revista Veja publicou um artigo dizendo que somos perigosos porque a nossa instituição tem como doutrina fundamental a crença no design inteligente. A revista diz que somos medievais em nossa crença e corremos o risco cometer os erros que os medievais cometeram”.
Quem escrevia era uma ex-aluna que há uns três anos estava vivendo no norte de Espanha e fui pego de surpresa com a sua questão. Nunca havia pensado sobre isso e não conhecia o referido artigo.
Esbocei algumas linhas apenas para dizer que havia recebido a mensagem, pedi uns dias para pensar no assunto e solicitei que, se possível, escaneasse o artigo e mo enviasse.
Não recebi o artigo e até hoje não conheço o seu conteúdo, portanto, não estou me propondo analisá-lo. Teci algumas considerações com base na pergunta formulada e, exatamente, quinze dias depois remeti para ela o texto a seguir.
A Mensagem
Malaquias, o último profeta véterotestamentário, escreveu (Ml.3:6). Porque eu, o Senhor, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos.
O que significa essa frase proferida por  Deus através do profeta?
Muitos tem-na interpretado de modo que colocam Deus em uma saia justa. Ele se torna prisioneiro dos Seus próprios planos, das Suas próprias iniciativas. Essas pessoas interpretam o texto dizendo que Deus é inflexível, que um plano Seu, uma vez traçado, não sofre alterações. Para eles Deus é como o atirador que tem apenas uma bala no gatilho: se errar o primeiro tiro a batalha estará perdida.
São pessoas com forte “vocação” para o fundamentalismo religioso. Para elas não pode haver segunda oportunidade porque ocorreria a banalização. Uma palavra, uma vez proferida, se não se cumprir, exatamente como foi dita,  indica fraqueza por parte de quem a proferiu.
Entendo, porém, que este não é o sentido do texto.
Antes, porém, de discorrer sobre o tema proposto vamos considerar algo do que foi dito sobre a imutabilidade de Deus.
Santo Tomaz de Aquino, conhecido como o “doutor angélico por ter discorrido longamente sobre os anjos também escreveu sobre as provas metafísicas da existência de  Deus. Ele foi  e é  um dos mais respeitados teólogos católicos intitulado de  doutor da igreja. Foi um filósofo de primeira grandeza e é também cognominado “O Gênio Pensante do Cristianismo”.
Este gênio, discorrendo sobre as provas metafísicas da existência de Deus, disse que a primeira delas era  a prova do movimento. O movimento existe mas nada se move por si mesmo. Existe um movimento em ato que produz movimento naquilo que pode ser movido.
Deus é o Motor-Imóvel, disse ele. E explica:  Ele move sem ser movido (FERACINI, 2001).
Mas Tomás de Aquino estava discorrendo sobre o movimento físico, mudança de posição dos corpos, deslocamento no sentido  geográfico, e eu quero discorrer sobre o movimento no campo social e da moral,  movimento das idéias, mudança de posição em relação à opinião anterior, mudança de posição na  política, mudança de crença, mudança de objetivos, mudança nos modos de agir e tratar com as coisas e com as pessoas. Quero falar do movimento de Deus, mas não do movimento físico (embora considere também importante esse tema mas não dá tempo para discutir aqui). Vou falar da mudança de estratégias e, para isso, convido-a para ler o primeiro capítulo de Gênesis.
Deus criou o mundo. Primeiro os seres brutos, inanimados, aqui na terra e no espaço. Esses corpos foram postos em movimento físico, pelo motor imóvel de Tomás de Aquino.
Como são seres sem entendimento Ele teve que fixar leis cuja redação exige uma expressão matemática. São leis detalhadas, órbitas bem traçadas. Por essa razão Galileu afirmou que Deus escreveu o universo em linguagem matemática. Mas Galileu era físico, astrônomo e matemático. Ele falava do mundo físico e no mundo físico tem que ser assim mesmo porque os seres envolvidos são amorais, inconscientes, nãos sabem escolher,  não podem ter livre-arbítrio, não são volitivos. Para que um universo físico grande ou pequeno [seja ele o macrocosmo (sistemas solares) ou seja ele o motor de um carro, a máquina de um relógio  analógico ou o circuito integrado de um minúsculo relógio digital], funcione a contento  é preciso que se faça um desenho inteligente, com precisão matemática. E isso Deus fez.
No segundo momento Deus criou os  seres vivos  não dotados de consciência:  os vegetais. Ele os dotou de um certa liberdade de movimento, uma liberdade projetada. As plantas “escolhem”  para que lado as suas raízes devem crescer mais. As plantas se movimentam (crescem mais) em direção à luz (fototropismo positivo). Suas raízes crescem mais em direção à água (hidrotropismo positivo). Portanto, plantas de mesma espécie não crescem iguais em lugares diferentes ainda que o solo possua as mesmas propriedades. Há, eu diria, na plantas um embrião de liberdade.
No terceiro momento Ele criou os animais, com um pouco mais de liberdade do que as plantas. A liberdade aqui começa sair do projeto e se configurar como tal. Os animais escolhem o que querem comer, a quem vão se afeiçoar. Muitos escolhem atacar ou fugir do caçador. Eles tem uma liberdade maior do que as plantas, mas ainda é uma liberdade  muito incipiente, uma liberdade engatinhante.
De longa data os matemáticos modelaram o movimento dos astros. Esses modelos realmente funcionam porque permitem prever posições com muita antecedência. O comportamento das plantas e do animais também são modelados pelos matemáticos, mas são modelados por estimativas, por aproximação. Eles não permitem prever com precisão o que vai acontecer.
O pressuposto de Aquino vale, com certa ressalva,  até mesmo para os aspectos físicos do corpo humano, mas não vale para os aspectos volitivos. Não vale para o campo das idéias e da personalidade.
Chesterton discorrendo sobre o comportamento dos animais e das plantas diz  que o fato de um ovo se transformar em filhote não é uma lei. Também o aparecimento de fruta ou de determinada particularidade na árvore não é uma lei. Ele afirma: “Não é uma lei, pois não entendemos a sua fórmula geral. Não é uma necessidade, pois embora, contemos com esse tipo de acontecimento na prática, não temos o direito de dizer que ele deve sempre acontecer” (CHESTERTON, 2008, p.87).
Mas ele mesmo afirma que quem crê em leis imutáveis não pode crer em milagres. Noutras palavras: não há leis imutáveis para os seres vivos. Não pode haver leis imutáveis para seres pensantes.
É no quarto momento, na criação do homem, que o projeto divino adquire maior complexidade. Ele é desenvolvido em duas etapas:
Primeiro foi criado o elemento masculino da espécie com capacidade de  entender o significado do seu próprio nome. Capaz de  perceber a diferença entre ele e os demais seres. Capaz de perceber que  algo lhe falta; que lhe falta uma companheira. Depois vem a segunda etapa do projeto. A criação da mulher, um pouco menor na estrutura física mas com maior complexidade.
O  seu corpo é menor do que o corpo do homem mas ela consegue abrigar dentro de si outro ser (as grávidas atestam disso). Os espaços são menores mas comportam mais coisas. Algumas coisas que o homem tem pelo lado de fora a mulher tem pelo lado de dentro, nesse espaço menor, como os órgãos relacionados com a procriação, por exemplo.
O seu corpo produz as excreções e todos os hormônios (em termos de equivalência e/ou especificidade, é claro) que o corpo de um homem produz e ainda produz o leite. Ela, portanto,  produz algo a mais.
Há menos sangue e músculos em seu corpo mas ela vive mais. A vida média das mulheres é maior do que a dos homens. O seu cérebro é menor mas a capacidade de pensar é a mesma e a capacidade de sentir e de intuir é mais complexa.
Se me permitirem uma comparação grotesca eu diria que a mulher é a segunda geração de computadores*: menores em tamanho e com uma carcaça mais frágil mas com a mesma ou com maior capacidade de resolver os problemas de ordem lógica (elas tem menos material em hardwares e o mesmo ou mais material em softwares).
A mulher é muito mais complexa. Seu estado de humor é mais oscilante do que o do  homem. Por isso, às vezes, se diz que os homens são todos iguais e as mulheres são todas diferentes. Diz-se ainda que há mulheres que chegam  a ser diferentes de si mesmas em determinados momentos**. Talvez haja  exagero nessa fala, mas via de regra os homens são mais estáveis do que as mulheres. Parece ser mais fácil levar uma mulher a mudar de opinião do que um homem.
Essa predisposição para mudar de idéia é sinônimo de inteligência.
Não estou emitindo juízo de valor. Não estou dizendo se é melhor ser homem ou ser mulher  e não é essa  a minha intenção. Apenas estou fazendo constatações, algumas empíricas e até com base no senso comum. Não tenho a pretensão de estar fazendo uma abordagem científica aqui. É difícil analisar o ser humano e não é essa a minha especialidade.
Mas se é tão difícil  analisar o ser humano, se é difícil estabelecer um padrão de ação onde todo o ser humano pudesse se  encontrar ali e sentir-se realizado, feliz, fazendo daquele jeito, imaginemos quão complexo é construirmos uma forma para Deus. É impossível encontrarmos uma expressão seja ela em Matemática, em Latim, em Sânscrito, em Indo-europeu, em Hebraico, Aramaico ou qualquer outra língua, que possa dizer exatamente como Deus é, como age e reage diante das circunstâncias.
Se eu disser que Deus não muda estou colocando-o em posição inferior ao ser humano, porque este, graças a Deus, tem a capacidade para  mudar. O Criador não pode ser menos flexível do que a criatura porque ninguém cria nada melhor do que ele próprio, isto é, com mais capacidade do que a que ele próprio tem. Nem na imaginação se consegue produzir isso. Qualquer arte, ciência, qualquer objeto seja ele um artefato ou mentefato que eu criar será inferior a mim, menos complexo do que eu.
Se Ele criasse o ser humano melhor do que  Ele é, mais perfeito do que Si mesmo,  mais complexo do que a divindade, com melhor desempenho,  Ele teria que Se submeter a esse ser humano.
Se o ser humano tem capacidade de mudar, de planejar alternativas, de administrar conflitos internos e externos, Deus tem muito mais. Se o ser humano em pleno domínio da sua razão, e com pleno conhecimento das consequências, jamais criaria alguma coisa que tolhesse sua liberdade, Deus tem muito mais razão para ter evitado  isso.
Portanto, o meu pressuposto é que Deus muda. Ele muda porque a criatura muda.
Vamos às provas.
1.                      Quando Deus criou o primeiro par colocou-os no jardim dizendo que se comessem da árvore da ciência do bem e do mal morreriam. Em Suas palavras: Mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” Gn. 2:17
O ser humano comeu. Ele morreu no mesmo dia? Não. Deus deu-lhe uma nova oportunidade, nova chance de escolher.
Há algumas explicações que os teólogos dão para isso. Não vou questioná-las plenamente, vou apenas mencioná-las e levantar algumas questões a partir delas.
a)                      O ser humano morreu espiritualmente naquele momento, explicam eles. Penso que está certa a explicação, que o ser humano realmente morreu espiritualmente, mas é incompleta essa resposta. “Deus não disse em meias-palavras do tipo: “vocês morrerão em alguns aspectos”, ou, “ morrerão mais ou menos”. Ele disse “ morrereis”.
b)                      A outra explicação dos teólogos: Deus primeiro apresentou o Plano A, mas tinha na manga, um plano B. Penso que é isso mesmo. Mas o fato de ter um plano B não significa uma mudança de estratégia? Concordo que Deus não foi apanhado de surpresa, mas isso apenas me diz que Ele estava preparado para mudar a estratégia quando precisasse. E mudou.
2.                      Deus disse aos nossos primeiros pais.  Multiplicai e enchei a terra.  Nas palavras da Bíblia (Gn 1:28): “E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.
Algum tempo depois, com a terra cheia Ele disse a Noé: “ não é isso que eu esperava”. Em Suas palavras (Gn. 6:5,6):E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra, e que toda a imaginação dos pensamentos do seu coração era só má continuamente. Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra, e pesou-lhe em seu coração.
Planejou então o dilúvio e uma nova criação. Era o plano C? Se dúvida! Concordo plenamente se me disserem que nada disso tomou a Deus de assalto, que nada Lhe foi surpresa. De uma coisa, porém, estou certo. Ele estava preparado para mudar de estratégia. E mudou.
3.                      Quando a idolatria se alastrou entre os cananitas e mesopotâmicos, Deus chamou a Abraão e lhe disse: Vou fazer de você uma nova nação. Vamos tentar um novo começo, diferente dos anteriores. Era o Plano D. Novamente Deus mudou a Sua estratégia de lidar com o ser humano. Deus mudou.
Penso que não preciso mais citar exemplos e provas. Os que conhecem, pelo menos mediamente a Bíblia,  já conseguem vislumbrar tantos outros exemplos. Todos nos mostrando que Deus vem mudando Seu trato como ser humano no decorrer do tempo.
O santuário no deserto, a mudança de juízes para rei, a rejeição do povo judeu, o rasgar do véu do santuário (Mt 27:51), o chamado abrupto de Paulo para pregar o evangelho aos gentios, etc.
Mas há um aspecto em que Ele não mudou. Ele não mudou o Seu ideal de salvar o ser humano. Todas as mudanças de estratégias foram formas de manter imóvel o Plano da Salvação.
Imaginemos o esforço que Deus vem fazendo para salvar o ser humano. Para quem detém o poder é mais fácil punir do que educar, é mais fácil destruir do que salvar. Se  tenho o poder eu não preciso da sua permissão para lhe punir, mas preciso da sua permissão para lhe educar. É mais fácil punir do que educar. Educar envolve tolerância, respeito à vontade do outro, convencimento pelo diálogo.
Quem  detém o poder u não precisa da sua permissão para destruí-lo, mas precisa da sua permissão para salvá-lo, para dar-lhe vida eterna entre os bons, para colocá-lo morando, para sempre, entre as boas pessoas, comendo e fazendo coisas que não sei se você gosta. Para salvar é preciso convencer.
Deus não precisaria mudar nada para punir ou destruir o ser humano, mas precisa mudar de estratégias, constantemente, para salvá-lo.
A única coisa que Deus não pode  mudar é o Seu ideal  de salvar.
Penso que é isso que Ele disse em Ml.3:6. Porque eu, o Senhor, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos.
Parafraseando o texto eu diria: “Vós não sois consumidos porque eu não desisti de criar estratégias para salvá-los”.
Mas a nossa limitação para compreender a Deus nos leva a uma idéia de fixidez. Um Deus fixo, robotizado. Mas para Deus ser fixo era preciso criar o ser humano sem liberdade. Como os astros, por exemplo. Giram, giram sem saber para onde vão e sem o direito de escolher se querem parar ou não. Para esse tipo de movimento há uma lei expressa por uma sentença matemática e um Deus que controla com rigidez. Não poderia ser diferente.
Quando trazemos isso para o ser humano, tiramos desse ser a sua condição de ser humano, tolhemos a sua liberdade. E agora, então, vamos falar em desenho inteligente, para usar uma linguagem de Johnson (2008) no livro “Darwin no banco dos réus”.
Estou dizendo que se chamarmos o planejamento de uma máquina de desenho inteligente então o planejamento do ser humano tem que ter outro nome. Estou propondo que o chamemos, pelo menos por enquanto, de desenho inteligente aberto, para usar uma idéia da computação.
Na computação existem programas fechados como os da Micrsoft e programas abertos como o Linux.
Vamos agora à pergunta que me foi dirigida:
Quando alguns evolucionistas dizem que cremos no desenho inteligente, e nos condenam por isso, eu imagino que estejam querendo dizer que, como criacionistas, entendemos que fomos projetados como uma máquina. Imagino que estão supondo que nós cremos que uma vez que Deus põe em movimento as nossas ideias ficamos sem possibilidade de parar a ação quando quisermos.
Estão dizendo que cremos que Deus estabeleceu leis de comportamento com tal fixidez que nos conduz ao fundamentalismo, algo semelhante ao fundamentalismo islâmico ou o fundamentalismo cristão da Idade Média.
Querem dizer que a igreja tem a função de direcionar as pessoas para certos atos e comportamentos e não a função de apresentar-lhes uma melhor opção de vida com base na liberdade pessoal, no respeito mútuo e na tolerância.
Nesse caso eu diria que não cremos no desenho inteligente (DI), mas no desenho inteligente aberto (DIA) e que o planejamento do ato criativo inclui o planejamento das mudanças de estratégias necessárias para salvar o ser humano. Por isso, mais do que inteligente, complexo. Complexo o suficiente para  funcionar mesmo quando alguém mexer na programação e alterá-la. Cremos que Deus nos criou para a liberdade, para a obediência voluntária.
Portanto, Deus não é fixo. Não está parado no tempo ou no espaço semelhante a uma estátua de Buda contemplando o horizonte e deixando as coisas acontecerem.
Deus pensa, Deus age, Deus revê os Seus planos, Deus muda as estratégias de ação para alcançar o Seu objetivo maior: salvar.
Dessa forma, podemos concluir dizendo: Deus muda. Muda as estratégias, muda os planos, muda o modo de tratar com o ser humano. Ele só não muda o ideal de salvar. Isto é: Ele não desiste do objetivo traçado, embora mude as estratégias para alcançá-los.
Conclusão 1: Quem diz, enfaticamente, que “Deus não muda” desconhece a história sagrada.
Considerações Complementares
Como podemos ver, a criação do mundo se desenvolveu em um crescendo, em termos de complexidade do “material produzido”. Educacionalmente, o homem se desenvolve melhor seguindo esse roteiro indicado por Deus. Ninguém aprende da noite para o dia, ninguém nasce pronto.
Se Deus muda porque nós temos que ser inflexíveis? Se Deus cria novas estratégias, porque não podemos criar também?
Não compreendemos a Deus de modo suficiente a permitir que façamos  afirmações conclusivas sobre o Seu modo de agir e nem podemos ler textos isolados da Bíblia e dogmatizar sobre eles.
Deus para agir com justiça tem que ser flexível, dialogar, convencer. Os arbitrários não fazem justiça, fazem arbitrariedades.
Mesmo do ponto de vista físico e pensando no motor imóvel de Aquino é possível conjeturar que se o filósofo vivesse hoje não faria a mesma afirmação. No seu tempo foi um avanço imaginar um motor estacionário impulsionando o universo- um motor que move, mas não é movido. Hoje essa idéia já não corresponde mais à realidade porque há motores que movem e são movidos ao mesmo tempo. O motor da minha motocicleta move-a e é movido por ela. Ele a impulsiona, empurra-a, e é conduzido por ela.
Deus seria inferior à inteligência humana? Se o motor de um carro empurra (puxa) e é puxado sem perder o controle ou poder de ação, porque Deus teria que ser fixo para não perder o controle?
Um guia turístico acompanha o grupo e ainda assim é ele quem dá  a direção. Jesus armou a Sua tenda entre nós, comeu com publicanos e pecadores, chorou e morreu como um ser humano e mesmo assim continua sendo a luz do mundo e “o mesmo ontem, hoje  eternamente” (Jo 1:14; Mt 9:11; Jo 11:35; Jo 19; 1:4:12:46;Hb13:8).
O meu Deus é flexível, acompanha os movimentos humanos, muda de estratégias sempre que necessário sem perder o controle e sem perder de vista o Seu ideal de salvar, a Sua única imutabilidade.
Conclusão 2: Quem pensa que Deus, para não perder o controle, não pode mudar está depositando a sua confiança em um Deus incompetente. Crendo em um Deus, intelectualmente, inferior ao engenho humano.
E então que Deu nos abençoe.
Antonio Sales                 profesales@hotmail.com
Campo Grande, junho de 2008.
CHESTERTON, G.K. Ortodoxia. São Paulo: Mundo Cristão, 2008. (Edição Centenária 1908-2008)
FERACINE, Luiz. Deus Existe? Campo Grande, MS: Fides et Ratio, 2001.
JOHNSON, Phillip E. Darwin no banco dos réus. São Paulo: Cultura Cristã, 2008.

*Uma nota de esclarecimento sobre a comparação da mulher com o computador. Pensei na história dos computadores. O primeiro era grande o suficiente para ocupar um prédio, segundo dizem, consumia muita energia e tinha pouco poder de resolução. A segunda geração era menor, ocupava menos espaço, exigia menos energia e tinha maior capacidade de produção. Ainda hoje, se tomarmos qualquer modelo como referência, posso lhes garantir que a segunda geração desse modelo será menor (terá menos material físico), gastará menos energia, terá vida útil mais longa, terá um melhor design, isto é, será mais elegante e terá maior capacidade de resolução.
**De uma palestra de Cibele de Moura Sales, Enfermeira, Mestre, Doutora e Pós-Doutoranda em Educação Popular em Saúde.



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