As igrejas estão ávidas, investem recursos humanos
e financeiros, para ganhar almas. Muitos programas televisivos têm essa
finalidade, muitos sermões destacam a necessidade da membresia conduzir almas a
Cristo e muitos pastores se dizem comissionados por Deus para esse trabalho.
A ceifa de que falou Jesus aos discípulos, após
conversar com a mulher Samaritana ((Jo 4:35), significa para essa liderança de
mente fechada apenas conduzir pessoas ao batismo. E batizar é apenas fazer
prosélitos, engrossar as fileiras da igreja e, por extensão, “salvar almas”. Na
realidade, o “salvar almas”, muitas vezes, aparece no discurso apenas para
mascarar a verdadeira intenção que é aumentar o número de membros e garantir a
manutenção financeira do trabalho. Existe interesse político e financeiro em
jogo, embora muitas igrejas não saibam usar esse poder. Algumas fazem
"bom" uso dele, mas muitas, não. Muitas são como o boi
"amansado" que desconhece o poder que tem. Ele trabalha arduamente
sob o jugo em troca de mais trabalho e, muitas vezes, nem do açougue é
protegido. Muitas igreja procedem dessa forma porque nem sequer se mobilizam
para influenciar na política preparando os seus membros para essa empreitada.
O que me preocupa é que as igrejas que se dizem
preocupadas em salvas almas, nada fazem para salvas as mentes dos seus membros.
"Salvam" a alma e aprisionam a mente. Aprisionam a mente porque
direcionam a leitura a um único gênero, "censuram" com adjetivos
depreciadores outras fontes de informação, limitam a liberdade de expressão dos
que ousam pensar fora dos parâmetros estipulados pela instituição e consideram
que a única atividade digna de um cristão é dedicar-se a “ganhar almas”.
As artes são desestimuladas porque, segundo eles, são expressões de um pensamento mundano, secular, incrédulo. O artista, por ser livre, incomoda e o seu trabalho é recebido com adjetivos depreciadores. O estudo da filosofia é visto como perigoso e há certo endeusamento da área da saúde como forma de dizer que o corpo vale mais do que a mente; que a saúde física, isto é, a ausência de dor é preferível aos conflitos existenciais que se instalam na mente do estudioso de outras áreas. Corpo são e mente cativa eis a receita para formar um bom boi de carga, puxador de arados e carretas.
As artes são desestimuladas porque, segundo eles, são expressões de um pensamento mundano, secular, incrédulo. O artista, por ser livre, incomoda e o seu trabalho é recebido com adjetivos depreciadores. O estudo da filosofia é visto como perigoso e há certo endeusamento da área da saúde como forma de dizer que o corpo vale mais do que a mente; que a saúde física, isto é, a ausência de dor é preferível aos conflitos existenciais que se instalam na mente do estudioso de outras áreas. Corpo são e mente cativa eis a receita para formar um bom boi de carga, puxador de arados e carretas.
Dessa forma, não há estímulo ao crescimento
intelectual, isto é, não há preocupação com a salvação da mente. O tornar-se
pessoa não é estimulado, apenas o tornar-se ovelha. A submissão à orientação
externa é estimulada e a capacidade de orientar-se fica prejudicada.
Não há estímulo aos relacionamentos humanos onde a
amizade é o foco principal e o respeito ao outro onde as suas ideias, seu modo
de ser, estão presentes. Preferem o heterônomo ao autônomo, o cativo ao livre.
“Salvam” a alma e aprisionam a mente.
Antonio Sales
Campo Grande, 06 de abril de 2014