“Casamento é uma relação que exige renúncias". Essa frase é, de
alguma forma, corriqueira. Ela aparece com frequência quando, por alguma razão,
a relação matrimonial entra em discussão.
Diante disso quero discutir um pouco essa questão da renúncia.
Há, no meu entender, dois tipos de renúncias: renúncia
definitiva e renuncia temporária.
Quando renunciamos a um vício, por exemplo, devemos fazer uma
renúncia definitiva. Toda prática abjeta ( o que é repudiado pela sociedade ou
pelo cristianismo ) deve ser objeto de renúncia definitiva. Tudo que fere a
ética ou atenta contra a moral deve ser renunciado definitivamente.
No entanto, há muitas coisas boas que por algum tempo entram em conflito com outra igualmente boa.
Uma das duas deve ser temporariamente renunciada.
Um exemplo: lazer é bom, mas pode entrar em conflito com o estudo. Renuncia -se temporariamente o lazer, para voltar a desfruta-lo, com mais sabor, algum tempo mais tarde.
Um exemplo: lazer é bom, mas pode entrar em conflito com o estudo. Renuncia -se temporariamente o lazer, para voltar a desfruta-lo, com mais sabor, algum tempo mais tarde.
Há mulheres que renunciam temporariamente os estudos ou a
carreira profissional para estar com os filhos enquanto pequenos.
Por vezes renunciamos a companhia constante de um amigo par aceitar uma proposta de
trabalho compensadora em outra cidade. Renunciamos mas ansiamos e planejamos a
volta.
Olhando desse ponto de vista podemos dizer que todo sucesso
que se obtém na vida é produto de
renúncia, portanto, nada mal que o
casamento seja uma relação de renúncia. O problema ocorre quando o casamento
exige renúncias definitivas de coisas
boas, como acontece em muitos casos que conhecemos. Quando o casamento
exige renúncia de amigos bons, de conquistas profissionais, de avanço nos
estudos, etc. Quando isso acontece tem
algo errado acontecendo.
Quando um cônjuge não se torna a musa inspiradora do outro nas
artes, na ciência, no comércio, no exercício da profissão, no crescimento
pessoal ou na melhoria das relações sociais, há algo de errado nessa relação.
Renunciar as relações íntimas com outras mulheres ( ou homens
) para manter-se fiel ao cônjuge é saudável, mas renunciar amigos para ficar ao lado de uma única pessoa
ouvindo, muitas vezes, as mesmas
conversas, as mesmas lamúrias, as mesmas acusações, por anos a fio, pode ser
indício deu uma relação doentia.
Renunciar a passeios, estudos, e outras coisas igualmente
boas, somente para agradar um cônjuge
cheio de caprichos pessoais e sem
aspirações pode não ser algo recomendável.
Minha conclusão é que renunciar é preciso e é natural que o
casamento exija renúncia. O que precisa ser discutido é o que está sendo
exigido que se renuncie. Se a renúncia está lhe causando desconforto não é hora de discutir com o cônjuge a
relação? Se você está renunciando definitivamente a algo que é renunciável
apenas temporariamente pode ser o momento de analisar os prós e os contras e
abrir o jogo com o cônjuge.
Nunca se deve renunciar definitivamente o que deve ser objeto
de renúncia apenas temporária.
Nenhum cônjuge pode exigir a anulação do outro. Nenhum cônjuge
deveria negar apoio ao outro em suas
investidas estudantis, empreendedoras ou profissionais.
Evidentemente que tudo isso deve ser discutido.
Evidentemente que tudo isso deve ser discutido.
Que apoio queremos? Nosso projeto é viável? Quais os
convenientes e inconvenientes dele? A quem ou a quantos vai beneficiar? Pode
ser adiado sem prejuízo? Por quanto tempo? É ético? Respeita a normas da moral?
É preciso discutir a relação sempre que a renúncia exigida
estiver incomodando. Ë fácil fazer isso?
Não, não é fácil porque não se discute com quem é contra a
priori. Não se discute com quem tem ideias fixas. Não se discute com quem diz
saber o que quer (do outro). Não se
discute com quem quer se impor a todo custo. Não se discute com quem não abre mão
de nada, ainda que temporariamente. Não se discute com quem tem medo de perder
na discussão.
Casamento é renúncia de que? Se você está reclamando da
renúncia tem algo errado com você ou com o seu casamento.
Pense nisso!
Nova Casa Verde, 20 de maio de 2012.
Antonio Sales profesales@hotmail.com