Jesus
certo dia pressionado pelos escribas e fariseus disse-lhes que eles eram
culpados pela morte dos profetas que tanto veneravam. Eram filhos daqueles que
mataram os profetas (Mt 23:29-31).
Na
história do povo israelita os profetas não eram bem vindos embora as gerações
futuras redessem homenagem a esses corajosos que se levantaram para defender a
justiça. Jesus disse que alguns foram mortos no altar, inclusive. Altar era o
lugar de proteção da vida. Quando alguém se sentisse ameaçado fugia para o
templo e se colocava ao lado do altar, agarrado a ele, e era protegido pelos sacerdotes.
A lei levítica previa isso.
Alguns
profetas foram mortos no altar. Por quê? Quem eram os profetas?
Profetas
eram vozes discordantes, vozes que soavam alertando do engano em que as pessoas
se encontravam, vozes que denunciavam a hipocrisia em que liderança vivia, eram pessoas que condenavam a duplicidade no
viver, que denunciavam as injustiças sociais e a exploração da ignorância do
povo. Os profetas que falavam em nome de Deus condenavam os líderes da nação
porque mantinham o povo sob pressão psicológica, opressão econômica e opressão
política.
Profetas
eram vozes que condenavam o isolamento em relação aos problemas sociais, que se
posicionavam contra aqueles que viviam como se os problemas sociais não lhes
diziam respeito.
Denunciavam
aqueles que viam o “mundo lá fora” como sinônimo de corrupção e os de dentro
como seres purificados, imunes a esses malefícios. Eram contra os que separam
as pessoas em duas categorias estáticas: os mundanos e os da igreja.
Essa
classificação colocava os judeus (e nos coloca hoje) na posição de julgadores
do mundo, classificadores de pessoas e nos impede de ver os próprios erros, de
tirar a trave do próprio olho.
Eram (e ainda são) denunciados pelos profetas os maldizentes, os produtores
de intriga, os adúlteros (qualquer espécie de adultério), todos que se julgam
superiores pelo fato de estarem dentro do “redil” mesmo que devorando ovelhas e
que tenham a pele da cor da pele do lobo. São denunciados o que têm a pele
manchada pelo “sangue” de ingênuos que se deixam seduzir pelos seus discursos e
se tornam vítimas de suas ideias estapafúrdias.
Os judeus
mataram aqueles que denunciavam os que confiavam no templo, numa prática
mecânica da religião, e ignoravam as necessidades humanas (Jr 7:4-6). Rejeitaram aqueles que lhes dizia que a sua
religião os estava conduzindo ao abismo, ao obscurantismo, à intolerância. Rejeitaram
aqueles que procuravam lhes mostrar que estavam sendo enganados pelos seus
líderes, seduzidos por discursos fabricados com intenções de amedrontá-los. Mataram
os que lhes diziam que estavam sem crescimento moral e espiritual porque eram
mal conduzidos.
Hoje não
somos diferentes. Ainda matamos profetas. Se não lhes derramamos o sangue,
porque as leis não permitem, provocamos lágrimas copiosas. Causamos-lhes desespero
ao verem a nossa estupidez e nossa falta de vontade de abrir os olhos. Matar
nem sempre significa tirar a vida; pode significar também amordaçar, desprezar,
fazer pouco das suas palavras.
Todos
aqueles que procuram abrir os nossos olhos, apontar para o verde que está fora
do redil do falso pastor, são excomungados por nós. Preferimos quem nos engane,
que nos faça crer que estamos no caminho certo. Preferimos quem nos humilhe aos
que nos alertam.
Campo
Grande, 01 de maio de 2013.
Antonio
Sales profesales@hotmail.com
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