Toda espera causa certo
grau de ansiedade, porque esperar não é sinônimo de ter esperança.
Por vezes espera-se com
esperança, mas muitas vezes espera-se contra a esperança ou apesar da falta de
esperança. Esperar muitas vezes é insistir em não deixar “para lá”, insistir em
não abandonar a luta mesmo com evidências pouco favoráveis.
Ter esperança implica
em ter expectativa, certo grau de certeza, boa dose de otimismo, entusiasmo
para enfrentar adversidades sem perder o foco. O verbo esperar traz implícita
uma questão de sobrevivência, a insistência em continuar contra as evidências,
uma necessidade consciente ou inconsciente de não desistir.
Esperançar revitaliza,
esperar esmorece. Espera quem não tem esperança, porque quem tem esperança
avança, vai à busca.
Esperar é triste,
requer paciência, consiste em um teste de nervos, especialmente para quem
aprendeu a realizar. Esperar também ode ser a justificativa de quem não está
disposto a ir à luta. Esperar é desalentador para quem concluiu que não tem outra
opção, que já não pode mais fazer o que antes fazia ou que depois de tudo feito
só lhe resta essa opção.
Esperançar contém o
germe da transformação, esperar contém o germe da desolação.
Sou um esperançoso, mas,
por vezes, tenho que esperar.
Este ano foi um ano de
muita espera, com poucas esperanças. Uma tênue esperança surgiu agora para ao
início do Ano Novo. Desde o início deste ano tive momentos de desesperança,
momentos de esperança e momentos de espera. A espera está chegando ao fim e a
esperança ficará ainda um tempo lutando contra a aceitação da sina. Uma sina
não necessariamente má, mas implacável porque ligada ao tempo e este é
implacável.
Aposentei-me
compulsoriamente em junho deste ano,
logo depois que foi aprovada a lei dos
75 anos para os ministros do Supremo e um Senador propôs uma lei que a estende
para todos os servidores. Essa lei gerou expectativas, produziu esperança. No
entanto, sofreu reveses e depois de tantas reviravoltas, que geraram esperanças
e desesperanças, entrou em vigor no dia
quatro deste mês de dezembro. Agora
chegou o fim da espera. Resta entrar em ação e requerer a nova inclusão no
quadro efetivo, o que já está sendo feito, portanto, surge a esperança. Mas, há
nuanças no mundo jurídico que nós não entendemos e, portanto, há a
possibilidade da esperança ceder lugar à aceitação obrigatória da sina. De
qualquer forma, não desisti, não vesti o pijama, continuei atuando como
colaborador, fazendo projetos, orientando mestrandos, escrevendo e reescrevendo a história.
Que venha 2016 para que
saibamos o que acontecerá. De qualquer forma, ter vivido até aqui foi uma
vitória, ter você como amigo foi outra vitória. Ter família, trabalho e saúde
foram bênçãos incalculáveis.
Que 2016 traga a você também
muitas esperanças e que não precise esperar muito.
Prof. Antonio Sales
Campo Grande, 18 de
dezembro de 2015.
Muito bom teu texto. Como leitora me identifiquei em situações de espera e de esperança. A espera é dar tempo ao tempo, e esperança é crer sem ver é fé. Aprendi a esperar sem me acomodar, vejo isso como amadurecimento, esperança... essa não podemos perder nunca... Te desejo mil coisas produtivas em 2016. Abraço.
ResponderExcluirObrigado pela sua participação, amiga leitura. Feliz 2016
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