Não faz muito postei
neste mesmo espaço o meu credo sobre o amor. Disse que o amor conjugal não é o
mesmo que o amor universal. Enquanto um, o amor universal, se baseia tão
somente no respeito incondicional ao outro e na superioridade moral e emocional
de quem o manifesta o outro amor, o conjugal, tem por base a reciprocidade, necessita ser
aprendido e precisa
ser cultivado. O amor universal se instala plenamente quando a dor é superada, quando
a carência se esvai.
Para amar é preciso
ausência de dor. Amar implica em ter prazer no bem do outro, alegrar-se com o
sucesso do outro, desejar a felicidade do outro. Quando o coração está ferido,
quando há depressão, quando há baixa autoestima, não há espaço para o amor.
Quem se sente traído não ama porque há dor. Amar implica altruísmo e
superioridade moral e emocional para não se ferir com os desafetos.
“Ame ao teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22:39 ), disse
Jesus. Quem não está bem consigo mesmo não consegue amar.
Se o maor universal não
espera rersposta, o amor conugal, por sua vez, se fundamenta no respeito e na cooperação. Tem
por base a tolerância, o apoio e a correção,
quando esta se fizer necessária. É um amor que espera resposta.
O amor conjugal tem
ainda por base a atração física, a afinidade intelectual, a cumplicidade ética
e a capacidade de estimular um ao outro.
Cada cônjuge deve procurar ser a musa inspiradora do outro com suas palavras de
estímulo e apoio aos seus investimentos.
Cada cônjuge precisa
sentir-se protegido, valorizado e estimulado pelo outro, para quer o amor
conjugal floresça.. Entendemos que esse amor nasce e se nutre da convivência, uma convivência
marcada pela presença do afeto, da correspondência, do interesse pelo progresso
do outro, do interesse em estar com o outro para apoiá-lo e estimulá-lo; da presença
do interesse em contribuir para que o
outro tenha o desejado sucesso.
Há uma região em Campo
Grande, MS, que no entardecer recebe uma
brisa que traz consigo o odor sulfuroso do curtume que não está tão distante
dali. Esse descorforto dura cerca de uma
hora todos os dias.
Certo dia estava
caminhando pelo bairro exatamente nesse horário quando encontrei uma jovem
senhora com duas crianças pequenas e que
caminhava lentamente pela calçada. Sua aparência triste e ao mesmo tempo
carinhosa com os filhos deixava
transparecer que fora vítima das ingratidões da vida. Não me era totalmente estranha.
Conhecia alguns dos seus familiares e, por extenão, um pouco da sua história,
embora tivesse pouco contato com ela.
Aproximei-me dela,
brinquei com as crianças, e quando ela esboçou um pálido sorriso fiz referência
ao odor de enxofre expelido curtume como
forma de entabular uma conversa ainda que ligeira.
Ela retrucou:“eu gosto
desse cheiro porque meu marido trabalha lá e toda tarde ele chega em casa com esse cheiro. Eu gosto de lavar o uniforme
dele, e o uniforme nunca perde o cheiro. Eu sinto esse cheiro o dia todo em
casa. Esse cheiro à tarde me diz que ele está chegando”. Ela estava na calçada
esperando o marido chegar envolto no odor do curtume.
Sai pensando no que ela
disse. Entendi que ela não gostava do cheiro do curtume, mas gostava do cheiro
do marido. Ela era cúmplice do cheiro que ele trazia para casa todos os dias. O
odor desagradável para mim era, para ela, um cheiro de vida, um perfume de
amor.
Aquele odor trazia-lhe
uma mensagem de amor, uma mensgem de sobrevivência, uma mensagem de proteção
para os filhos. Aquele odor era a sua vida.
Não lamentei a sua
sorte atual. Ela era feliz por ter um marido que trabalhava e voltava para casa
todos os dias. Um marido que representava para ela e os filhos a proteção, a esperança,
o alimento de amanhã. Torço para que ele fosse
recebido com carinho apesar do odor, que recebesse beijos e os
retribuisse. Que trouxesse para casa a proteção que a família esperava e que
recebesse da família o gesto de gratidão que lhe daria ânimo para prosseguir no
trabalho cujo cheiro, talvez, lhe ferisse as narinas.
Aposto na felicidade
conjugal quando há compreensão, cooperação e respeito.
Creio no amor conjugal
quando é cultivado, quando há desprendimento e vontade de cooperar.
Campo Grande, 21 de
julho de 2012.
Antonio Sales profesales@hotmail.com
Oi Sales, li esse e o outro texto sobre o que pensas sobre o amor universal e conjugal. Achei a colocação em ambos os textos muito boa. Realmente, quando se pensa em amor universal, se pensa na facilidade que é amar incondicionalmente. O coração se abre para o amor, o universo conspira a favor. Não há cobranças, nem regras,nem promessas, somente o simples prazer de querer que o mundo seja melhor através do amor.Gosto da frase: " Para amar é preciso a ausência da dor."Infelizmente nem tudo é perfeito, há um ditado que diz, que se aprende também pela dor. A convivência conjugal muitas vezes traz essa dor: A dor da desconfiança,do egoísmo, do medo, da incompreensão, infidelidade, ciúmes e tantos outros predicados negativos que fazem a vida a dois se tornar um verdadeiro tormento.Penso, que até o tempo que deveria ser aliado do amor conjugal, passa a ser inimigo: Quanto mais tempo juntos, menos tolerância, menos respeito e mais cobrança. Pergunto-me às vezes, será que isso acontece, pela facilidade que o ser humano tem de querer conduzir a vida do outro, sem mesmo conseguir conduzir e ordenar a sua ou por achar que a vida conjugal é singular, esquecendo do respeito que deve ao outro? Penso assim, guri. Abraços
ResponderExcluirÉ, amigo leitor, você enriquece o meu texto. Suas reflexões aumentam o sentido do que escrevo.
ResponderExcluirO amor conjugal, no meu entender, não é ausente de interesse e nisso ele difere do amor universal. Entendo que o amor conjugal se aproxima mais da amizade, mas também uma amizade não se concretiza se houver excesso de controle, desconfiança, falta de respeito ao outro e à sua liberdade.