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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

MENSAGENS SOBRE ANSIEDADE



Fico um pouco decepcionado com algumas mensagens que circulam pela internet, via e-mail, com o objetivo de aplicar  as palavras de Jesus  (Mt 6:31) sobre a  ansiedade.  Os autores pensam em produzir calma, trazer paz aos leitores, mas na realidade os confundem mais. Alguns textos são uma afronta à inteligência humana.
  O último que recebi e que provocou  estas reflexões  tem por título “você não tem que se preocupar”.  Os argumentos apresentados são: “nenhum pássaro pensou em construir mais ninhos do que o seu vizinho, nenhuma raposa ficou triste por ter apenas uma toca para se esconder, nenhum cão perdeu o sono por não ter osso reservado para o outro dia”. Os argumentos seguem essa linha de raciocínio sempre comparando homens com animais.
É nessa comparação que erram. Seres humanos e animais vivem de forma diferente, têm necessidades diferentes, sentem diferentemente e se relacionam entre si de forma diferente. Homens e animais “pensam” a vida de forma diferente. É verdade que um cão não perde o sono por não ter um osso reservado para o dia seguinte, mas também não perde o sono porque o seu filho está com fome, com cólica ou com a perna quebrada. Ele também não perde o sono porque a sua fêmea dorme na chuva ou está em trabalho de um complicado parto.
Uma raposa não fica triste por ter apenas uma toca, mas também não fica triste porque o seu filho já adulto foi morto por um predador e não planeja construir uma prisão para tirar esse predador de circulação. Ela nem pensa em constituir um tribunal para julgar as agressões que a sua família sofre ou um hospital para socorrer raposinhas feridas.
Um pássaro não pensa em construir mais ninhos do que o vizinho, mas também não pensa em acolher esse vizinho quando ele  estiver doente. Não pensa em abrigar os filhos desse vizinho se ele for morto por algum predador.
É por isso que eu entendo que comparar seres humanos com animais carece de sentido e até me parece que significa desvalorizar a inteligência humana e desqualificar os nossos sentimentos humanitários.
Viver um dia de cada vez, isto é sem qualquer ansiedade, é bom em alguns aspectos, mas tem as suas restrições. Não devemos nos preocupar com o que não depende de nós, com o que não é objeto de escolha. Por exemplo: não devo me preocupar se sou mais velho ou mais novo do que você. Não escolhi a data do meu nascimento. Não devo me preocupar se sou branco, negro ou indígena. Não me foi permitido  escolher a etnia. Não devo me preocupar se meus antepassados eram doutos ou ignorantes, pobres ou abastados, pois, não me foi permitido escolher a família na qual nasci.  No entanto, tenho que me preocupar com o que faço com as oportunidades que tenho. Aproveitá-las ou não é escolha minha.
Tenho que me preocupar com o bem-estar do meu filho, da minha esposa, do meu irmão, dos meus pais, dos meus semelhantes. Por causa dessa responsabilidade tenho que me preocupar com a qualidade da minha casa, em pagar seguro, em me preparar para ser útil em uma das áreas que a sociedade espera que eu seja.
Uma pessoa não deve se preocupar ou viver ansiosa porque perdeu uma das pernas em um acidente (ela não escolheu ser acidentada), mas deve se preocupar em evitar que outros passem pela mesma experiência.
É seguindo esse raciocínio que entendo que essas mensagens que me mandam pela internet servem muito bem para abarrotar a minha caixa de entrada e produzir reflexões como essa. Fora isso é pura inutilidade.
Os animais se mantêm calmos diante dos problemas da vida por confiança em Deus ou por alheamento em relação ao problema?
Antonio Sales     profesales@hotmail.com
Nova Andradina, 24 de fevereiro de 2013.

2 comentários:

  1. A bíblia não diz em que o primeiro cachorro, o primeiro passarinho pecou. (Adão sim).

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  2. O homem tem que se procupar, é isso?

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