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domingo, 23 de fevereiro de 2014

GLORIFICAR A DEUS

Em minhas visitas às igrejas tradicionais sempre ouço que, como cristãos, devemos viver para glorificar a Deus. É possível que tais pregadores estejam corretos. No entanto, como costumo pensar por conta própria, livre de amarras teológicas ou da tradição, costumo por em xeque essas expressões.
Já escrevi um texto sobre o que penso sobre glorificar ou engrandecer (http://www.apontandocaminhos.blogspot.com.br/2014/02/a-servico-de-quem-estou-de-deus-ou-do.html ) e hoje quero avançar um pouco mais ou lançar mais algumas ideias para reflexão.
Confesso que a ideia de glorificar a Deus me parece estranha. Dá a impressão de que Deus está isolado, sentindo-se solitário, desprestigiado e necessitando que alguém se importe com Ele. Parece que, como um ser humano, Deus tem incertezas quanto aos Seus planos e precisa ver validado o Seu projeto.
É fácil perceber que a relação divina com o mundo ou com o universo não é tranquila. Consigo entender perfeitamente que haja questões para as quais não atentei ainda e que  Deus também deve ter tensões para manter o equilíbrio do universo. Isso se supormos que haja  seres inteligentes em outros planetas.
Mesmo admitindo essa intranquilidade no ordenamento suponho que as tensões divinas sejam  proporcionalmente menores do que as dos homens. Aos homens falta  a visão antecipada dos resultados e a incerteza produz tensões que muitas vezes inviabilizam ações e imobilizam vontades.
O conflito cósmico, essa luta constante entre o bem e o mal, entre o certo e o errado, produz insegurança no homem. Produzirá insegurança também em Deus?
 Glorificar, no meu entender, é validar uma ação, elogiar enfatizando o acerto ou a tentativa, destacar as  qualidades pessoais, mostrar-se presente para  apoiar, dizer que o investimento feito em mim valeu a pena. Glorificar é aplaudir.
Será que Deus precisa disso?
Vejam que não estou perguntando se Ele merece. Pergunto se Ele precisa, se Ele exige, se Ele espera ardentemente, se Ele se frustra quando não acontece.
Possivelmente Ele necessite para que eu aprenda a valorizar o trabalho do outro, dar a honra a quem é devida, assumir que não sou autossuficiente. Nesse caso, não seria uma necessidade pessoal Dele, seria um recurso pedagógico. Dessa minha visão de glorificar surgem outras questões. Uma delas é: e se eu praticar isso com relação ao ser humano, Deus ainda precisa que O glorifique? Se aprendi a lição, Ele ainda precisa utilizar o mesmo recurso pedagógico?
Outras questões são: e se eu concentrar todo meu esforço em glorificar somente a Deus estarei cumprindo Seu propósito? Será que Deus quer ficar me lembrando o tempo todo, em forma de cobrança,  que tenho que aprender a valorizar o outro, a reconhecer o valor do outro, a glorificar o outro?
Nunca serei autônomo? Sempre dependerei de cobranças, de ameaças de estar desagradando a Deus, para me relacionar bem com o meu semelhante?
Pelo exposto penso ter  contribuído para se entenda porque fico preocupado quando ouço essa ênfase  na glorificação a Deus. Penso que a ênfase deve ser na glorificação do ser humano, desse que necessita de reconhecimento, de palavras de estímulo.
Penso que glorificar o homem é glorificar Deus e que glorificar a Deus nem sempre glorifica o homem (Mc 7:1-10)
Campo Grande, 15 de fevereiro de 2014.
Antonio Sales










2 comentários:

  1. segundo passagens Bíblicas Jesus disse na hora da morte; glorifica-me para que eu Te glorifico. Em outras passagens diz, que temos de crer de todo o entendimento, de todo o coração de toda a alma para que Deus seja glorificado. Diz também que temos de sofrer com Cristo, para que com Cristo sejamos glorificados. Concluindo na minha maneira de entender, é obedecer e sofrer até na hora da morte para que ambos sejam GLORIFICADOS. A fidelidade do homem só glorificará a Deus na hora da morte

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  2. Obrigado por sua contribuição, amigo leitor.

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