Jesus disse a Pedro que entregaria a ele as chaves
do reino (Mt 16:19). Com elas ele abriria ou fecharia as portas do reino de
Deus.
Fiquei pensando como poderia ser isso. Como poderia
uma pessoa abrir ou fechar as portas do reino de Deus a outras pessoas? Que
chaves seriam essas?
Como tenho pensamento imagético, recorro
frequentemente a metáforas. Para entender o ensinamento de Jesus sobre as
chaves pensei em uma pessoa adulta e um cachorro no interior de um quintal
cercado, murado; o quintal da própria residência de ambos. Em tal circunstância
uma diferença entre a pessoa e o cachorro, diferença que se recusa esconder
mesmo dos olhares mais distraídos, é que a pessoa sabe como abrir o portão e o
cachorro, não. Isto é, a pessoa tem a chave e o cachorro não tem. A pessoa fica
"presa" até à hora que quiser e o cachorro, até à hora em que a
pessoa quiser. De alguma forma alguém "deu" as chaves da casa à
pessoa e não as "deu" ao cachorro. A pessoa com a sua capacidade de
raciocinar e liberdade de escolha detém as chaves da casa.
A chave é o conhecimento, é a consciência
transcendental, é a capacidade de decidir e a possibilidade de escolher, é a
capacidade de agir conscientemente.
Ao dar as chaves do reino aos Seus discípulos Jesus não entregou nada físico, nada manipulável porque queria que eles entendessem que elas eram as Suas Palavras, palavras de conhecimento sobre o viver cristão, sobre o relacionamento com Deus e o próximo. Em Suas palavras repletas de exemplos e de orientações sobre graça, perdão e serviço, Ele mostrou o caráter de Deus; revelou o Seu plano e a expectativa divina para a existência humana. Essa é a chave.
Ao dar as chaves do reino aos Seus discípulos Jesus não entregou nada físico, nada manipulável porque queria que eles entendessem que elas eram as Suas Palavras, palavras de conhecimento sobre o viver cristão, sobre o relacionamento com Deus e o próximo. Em Suas palavras repletas de exemplos e de orientações sobre graça, perdão e serviço, Ele mostrou o caráter de Deus; revelou o Seu plano e a expectativa divina para a existência humana. Essa é a chave.
Ele não deu a ninguém direito de decidir pelo
outro, de abrir ou fechar portas para o outro, exceto para os animais e as crianças.
O conhecimento traz ao homem as opções de escolha e o poder de decidir. O conhecimento
é a chave que o homem precisa para abrir ou fechar a porta de céu. É ele que
possibilita ao homem decidir o que deseja para o seu futuro, como deseja ser
tratado por Deus e pelos semelhantes. É o conhecimento que possibilita
escolher.
As chaves do reino são os ensinamentos de Cristo
expurgados de dogmas religiosos, desvinculados de instituições que se
consideram detentoras da verdade.
As chaves são o conhecimento e a liberdade.
Antonio Sales
Nova Andradina, 22 de março de 2014.
Há como manter o conhecimento desvinculado de instituições? Tal conhecimento não se tornará neutro?
ResponderExcluirHá diversos níveis de instituição. Penso que Bíblia é uma instituição mais ampla e menos dogmática do que as igrejas. Penso também que num primeiro momento é difícil iniciar o percurso do conhecimento separado de uma instituição. A presença do "mestre" parece ser indispensável como ponto de partida. Em um segundo momento uma comunidade não dogmática proporcionará, suponho eu, os elementos necessários para uma contínua reflexão e crescimento.
ResponderExcluirAo dizer que a Bíblia é menos dogmática, discordo porque quase tudo é extraído dela, tratando-se de religião. Falando em comunidade, creio em uma menos dogmática, mas não dogmática, não vejo como existir.
ResponderExcluirNo meu entender é possível extrair lições da Bíblia sem dogmatizar.
ResponderExcluirUm comunidade teria dogmas morais e éticos, mas não religiosos. Teria normas de convivência humana, mas não teria imposições de dogmas religiosos.