“É pela
contemplação que seremos transformados”. Esse foi o discurso recentemente
ouvido em uma igreja em uma mensagem para as mulheres, no dia dedicado
internacionalmente a elas.
O apelo era
para que as mulheres contemplassem a Jesus em meditação e oração para serem
transformadas em boas esposas, mães, missionárias, etc.
Fiquei pensativo. Era isso que as mulheres mereciam ouvir? Será verdade que a contemplação nos transforma? Não seria a ação o agente transformador?
Fiquei pensativo. Era isso que as mulheres mereciam ouvir? Será verdade que a contemplação nos transforma? Não seria a ação o agente transformador?
Isso, de
contemplação transformadora, se parece mais com as poucas informações que tenho
da vida dos monges budistas. Levam uma vida trancafiada em um mosteiro, vivendo
na mendicância e com pouca ação. Não creio na eficácia desse estilo de vida
porque não tem função social e não sei se de fato eleva espiritualmente. Não
creio numa vida espiritual desvinculada da vida social porque não creio num
homem 100% espiritual.
No meu
entender a contemplação até pode trazer algum impulso, motivar um desejo de
mudança, mas é a ação que transforma. Mesmo assim a contemplação que provoca mudanças não é qualquer uma
porque depende do "ângulo" em que o "objeto" está sendo
contemplado. Depende da perspectiva de quem contempla.
Quem tem uma visão socialista da vida ao contemplar a Jesus vê o Seu exemplo de dedicação ao próximo; que tem uma visão espiritualista demora-se nos Seus momentos de oração a sós. Quem tem uma visão dogmática da religião vê em Jesus um rebelde sem causa que causou ruptura no judaísmo, uma religião consolidada, e aquele que vê a igreja como um espaço para crescimento social contempla o Jesus que abençoava as crianças e curava os enfermos.
Quem tem uma visão socialista da vida ao contemplar a Jesus vê o Seu exemplo de dedicação ao próximo; que tem uma visão espiritualista demora-se nos Seus momentos de oração a sós. Quem tem uma visão dogmática da religião vê em Jesus um rebelde sem causa que causou ruptura no judaísmo, uma religião consolidada, e aquele que vê a igreja como um espaço para crescimento social contempla o Jesus que abençoava as crianças e curava os enfermos.
É por
tudo isso, por depender da orientação ideológica de cada um, que tenho a
impressão de que a contemplação é insuficiente para moldar vidas. Ela é moldada
e não modeladora. Ela é produto e não
produtora.
Embora
não seja a minha intenção negar o valor da contemplação, gostaria de
reservar a ela um espaço bem menor do
que aquele que normalmente lhe é reservado. Não creio no seu poder
transformador, embora creia que possa ter poder de produzir alguma inspiração,
incentivar uma tomada de decisão. Para mim o que transforma é a ação e é por
isso que quando se trata de homenagear as mulheres prefiro citar Joana D'Arc,
Madre Tereza de Calcutá, Margareth Thatcher ou Malala, a menina que desafiou os
talibãs.
O que faz
uma mulher ser boa esposa, mãe, profissional, intelectual, é a sua decisão
seguida de uma forte ação.
Por vezes
precisamos contemplar para nos comparar, em termos de realização ou de
potencialidades. Precisamos olhar para alguém para ter inspiração, para sentir
que não estamos sozinhos, mas a transformação somente ocorrerá se agirmos.
Penso que
uma homenagem às mulheres passa pela valorização da ação delas, pelo
reconhecimento da contribuição delas e pelo relato de mulheres que marcaram
época em um mundo masculinizado.
Parabéns
às mulheres, nesse seu dia, pelo que elas fazem e pelo que conseguem ser neste
contexto nem sempre favorável ao desempenho das suas múltiplas funções.
Campo
Grande, 08/03/2014 -Dia Internacional da Mulher.
Antonio
Sales
Muito obrigada pela contemplação referente ao dia dedicado à nós e por todas as palavras dita a respeito.
ResponderExcluirVocês merecem
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