Para quem espiritualiza todos os aspectos da vida
cristã o livro de Tiago traz algumas dificuldades. Por tratar dos aspectos
práticos do cristianismo esse apóstolo parece “caminhar” na contramão de Paulo,
porque o apóstolo dos gentios (Gl 1:16) trata das questões espirituais, da
nossa justificação perante Deus, dos relacionamentos verticais, enquanto o
apóstolo Tiago trata da nossa justiça social. Alguém que espiritualiza a vida
cristã tem dificuldades para entender a mensagem desse que escreveu para que
aprendêssemos a praticar o cristianismo nos nossos relacionamento horizontais.
A linguagem de Tiago é própria, embora use termos
comuns do cristianismo dos seus dias. Ele atribui a esses termos um significado
próprio.
Suportar a provação (Tg 1:12), por exemplo, significa não ceder às pressões para compactuar com o erro, não se beneficiar do cargo que possui ou da posição privilegiada. Deus não contemporiza com a exploração ou com o oportunismo e esta é a razão pela qual quem vence a provação receberá a coroa da vida.
O apóstolo também corrige alguns conceitos equivocados correntes em seus dias. Para um público a que atribui tudo a Deus ele diz que Deus não tenta a ninguém.
Mas, Se Deus não é o autor da tentação (Tg 1: 13,14) de onde provém ela? Vem da nossa cobiça por posição, do nosso desejo (não necessariamente mau) de ultrapassar fronteiras que nos detêm, de nos superar (moral, economicamente, na aparência pessoal, etc.) e até de não sair do comodismo. A cobiça ou um desejo não controlado ou sobre o qual não se faz uma reflexão pode nos colocar em uma situação de tentação quando a oportunidade aparecer. Por exemplo, por comodismo, posso ser tentado a votar em um candidato que propõe arrumar emprego para o meu filho em detrimento de um programa social que trará benefício para toda a sociedade. Essa é a cobiça que gera o pecado (Tg 1:13-15).
Suportar a provação (Tg 1:12), por exemplo, significa não ceder às pressões para compactuar com o erro, não se beneficiar do cargo que possui ou da posição privilegiada. Deus não contemporiza com a exploração ou com o oportunismo e esta é a razão pela qual quem vence a provação receberá a coroa da vida.
O apóstolo também corrige alguns conceitos equivocados correntes em seus dias. Para um público a que atribui tudo a Deus ele diz que Deus não tenta a ninguém.
Mas, Se Deus não é o autor da tentação (Tg 1: 13,14) de onde provém ela? Vem da nossa cobiça por posição, do nosso desejo (não necessariamente mau) de ultrapassar fronteiras que nos detêm, de nos superar (moral, economicamente, na aparência pessoal, etc.) e até de não sair do comodismo. A cobiça ou um desejo não controlado ou sobre o qual não se faz uma reflexão pode nos colocar em uma situação de tentação quando a oportunidade aparecer. Por exemplo, por comodismo, posso ser tentado a votar em um candidato que propõe arrumar emprego para o meu filho em detrimento de um programa social que trará benefício para toda a sociedade. Essa é a cobiça que gera o pecado (Tg 1:13-15).
A falta da capacidade para dizer “não” quando esse
deve ser dito, o egocentrismo que gera o comodismo, que nos faz viver em torno
de certas benesses, gera uma condição propicia para que o pecado (como ato
consumado) apareça, isto é, para que consigamos realizar o que nos propomos (ou
desejamos) ainda que isso não seja a melhor coisa que deveria acontecer.
Suportar a provação é resistir às propostas não muito decentes do ponto de
vista social e cristão.
A vitória sobre essa tentação não é resultado
somente da oração, mas da ação e do fortalecimento do caráter. O caráter se
fortalece com a prática da reflexão e ação de correção de rumo a cada vez que
se perceber (ou for alertado de) que algo não está bem.
Tiago procura ensinar que Deus não deve ser
responsabilizado pelos contratempos morais que enfrentamos porque, como disse o
salmista (Sl 103:14), Ele sabe que já temos muitas lutas.
Jesus, seguindo o mesmo raciocínio, ensinou-nos a
orar (Lc 11:4) para que Deus nos livre desses momentos. Ao dizer para que
tenhamos alegria na provação (Tg:1:2) o apóstolo entende que quem passa por
provações morais é porque está em destaque social. "Ninguém atira pedra
sem árvore sem fruto" diz um ditado popular.
A dádiva que vem do alto pode se referir à chuva
que rega a terra e ao sol que traz vida (Mt 5: 45 ), mas também pode se referir
aos ensinamentos divinos (palavras que são espírito e vida), pode ser uma
referência às orientações relacionais como encontradas no pentateuco (Lv 19: 18
e 32).
Por estar preocupado com os reflexos do nosso viver
sobre os outros o apóstolo recomenda o controle da língua e o cuidado no falar.
Esse falar, que no seu tempo se limitava às manifestações verbais, hoje adquire
maior amplitude com as postagens em redes sociais. Tiago recomenda cuidado com
as notícias veiculadas, com as postagens que tomam tempo e não edificam e,
muitas delas, ainda veiculam mensagens carregadas de preconceitos. Seja "tardio
em falar" recomenda, isto é, análise antes, pense nas consequências do que
veicula, antes de divulgar suas ideias (Tg 1:19) porque não é divulgando
inverdades que se estabelece a verdade (Tg 1: 21).
Antonio Sales profesales@hotmail.com
Nova Andradina, 20 de outubro de 2014.