Há um
argumento fortemente ideológico, permeando algumas igrejas evangélicas, de que
cada crente é responsável por si e pela proclamação do evangelho. A igreja,
como organização, fica isenta da responsabilidade de proporcionar assistência
intelectual, orientação relacional e profissional aos seus membros. Cada pessoa
ou família que "se vire nos trinta" (como se expressou um desses
crentes diante das minhas investidas contra essa ideologia). Ao ouvir isso
citei como exemplo o nosso caso, como brasileiros. Como cidadãos, devemos
trabalhar, estudar, orientar e sustentar a família, mas cabe aos governantes
construir e pavimentar estradas, construir e manter em funcionamento as
escolas, construir e manter em
funcionamento os hospitais e postos de
saúde, garantir a segurança e aplicação da justiça. Cabe ainda ao poder
público assistir aos fragilizados com políticas específicas.
Todos têm
responsabilidade: eu, como indivíduo, fazendo a minha parte, e o poder público,
através de políticas específicas e investimentos em infraestrutura, cumprindo a
sua parte. Ninguém pode "lavar as mãos" e se isentar de
responsabilidades nesse processo. No entanto, o que se percebe é que as igrejas
fazem o discurso da individualização para se eximir de responsabilidade, para
guardar para si o dinheiro que recebem em dízimos e ofertas. Fazem esse
discurso para não serem cobradas quando falham (o que sempre acontece) no
cumprimento dos seus deveres sociais, quando falham em administrar corretamente
os recursos que recebem e em assistir adequadamente aos membros que necessitam
de apoio espiritual, material e intelectual.
A
individualização não estava nos planos de Jesus. Ele disse claramente: ficai em
Jerusalém até que do alto sejais revestidos de poder (Lc 24:49 ), e "estarei
convosco" ( Mt 28:20).
Penso que
se a igreja, como organização, cumprisse a sua parte desenvolvendo projetos de
assistência aos dependentes químicos, apoio aos familiares, orientação sobre
educação de filhos, orientação
profissional e relacional para os jovens; se ela "saísse do
esconderijo" e se mostrasse nas ruas através de ações sociais concretas o
mundo seria melhor pelo fato de elas existirem.
Antonio
Sales profesales@hotmail.com
Campo
Grande, 30 de agosto de 2014.
seria um outro pais se o poder público e as igrejas dessem apoio às famílias, quanto à educação dos adolescentes e jovem. Depois que o dragão às adota, o retorno é quase impossível Realmente o que vemos é a falta de responsabilidade.
ResponderExcluirViveríamos bem melhor
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