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quarta-feira, 8 de outubro de 2014

A INDIVIDUALIZAÇÃO DA RESPONSABILIDADE



Há um argumento fortemente ideológico, permeando algumas igrejas evangélicas, de que cada crente é responsável por si e pela proclamação do evangelho. A igreja, como organização, fica isenta da responsabilidade de proporcionar assistência intelectual, orientação relacional e profissional aos seus membros. Cada pessoa ou família que "se vire nos trinta" (como se expressou um desses crentes diante das minhas investidas contra essa ideologia). Ao ouvir isso citei como exemplo o nosso caso, como brasileiros. Como cidadãos, devemos trabalhar, estudar, orientar e sustentar a família, mas cabe aos governantes construir e pavimentar estradas, construir e manter em funcionamento as escolas,  construir e manter em funcionamento os hospitais e postos  de saúde,  garantir a segurança  e aplicação da justiça. Cabe ainda ao poder público assistir aos fragilizados com políticas específicas.
Todos têm responsabilidade: eu, como indivíduo, fazendo a minha parte, e o poder público, através de políticas específicas e investimentos em infraestrutura, cumprindo a sua parte. Ninguém pode "lavar as mãos" e se isentar de responsabilidades nesse processo. No entanto, o que se percebe é que as igrejas fazem o discurso da individualização para se eximir de responsabilidade, para guardar para si o dinheiro que recebem em dízimos e ofertas. Fazem esse discurso para não serem cobradas quando falham (o que sempre acontece) no cumprimento dos seus deveres sociais, quando falham em administrar corretamente os recursos que recebem e em assistir adequadamente aos membros que necessitam de apoio espiritual, material e intelectual.
A individualização não estava nos planos de Jesus. Ele disse claramente: ficai em Jerusalém até que do alto sejais revestidos de poder (Lc 24:49 ), e "estarei convosco" ( Mt 28:20).
Penso que se a igreja, como organização, cumprisse a sua parte desenvolvendo projetos de assistência aos dependentes químicos, apoio aos familiares, orientação sobre educação de  filhos, orientação profissional e relacional para os jovens; se ela "saísse do esconderijo" e se mostrasse nas ruas através de ações sociais concretas o mundo seria melhor pelo fato de elas existirem.
Antonio Sales   profesales@hotmail.com
Campo Grande, 30 de agosto de 2014.

 

2 comentários:

  1. seria um outro pais se o poder público e as igrejas dessem apoio às famílias, quanto à educação dos adolescentes e jovem. Depois que o dragão às adota, o retorno é quase impossível Realmente o que vemos é a falta de responsabilidade.

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