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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

JESUS E AS MULHERES


Passou o Natal, mas continuemos pensando no fatos relacionados à Sua Vida.
No texto anterior, falando sobre Nazaré, focalizei a tolerância (não permissividade), no trato com as pessoas, como elemento fundamental para permitir as manifestações divinas. Enfatizei  que o radicalismo é um obstáculo ao progresso humano em todos os aspectos.
Agora continuo com a lição bíblica que mencionei (nº 5 de 2/2/2008), onde aprendi mais algumas lições sobre a nada pacífica relação entre homem e mulher.
O preconceito masculino trouxe sérios problemas, inclusive para os homens.
O autor da lição, citando fontes, dizia que a “atitude da sociedade para com as  mulheres naquele tempo não era nada saudável”. Em seguida  cita a frase encontrada no  livro de Eclesiástico: “Melhor ser a maldade de um homem que uma mulher que faz  bem”.
Com base nessas informações comecei imaginar a dor de cabeça que as mulheres trouxeram  a Jesus. Desculpem-me, mulheres! A frase foi infeliz. O correto seria: os homens causaram dor de cabeça a Jesus por causa das mulheres que O seguiam.
Esses “seres” que possuíam toda sorte de infortúnio estavam seguindo a Jesus e isso desmerecia o trabalho Dele. Vejam só: eram mulheres e, além disso, algumas eram prostitutas, endemoninhadas, viúvas e até a mulher de um publicano (Joana, mulher de Cuza) Luc. 8:3.
Que dignidade tinha um homem que aceitava “seres” como esses entre seus discípulos? Qual o futuro que se poderia prever para o Seu projeto? Como os homens (os seres nobres da sociedade) poderiam aderir a um mestre com esse perfil?
Tenho que pedir às minhas queridas irmãs que não se zanguem comigo. Estou expressando o pensamento de um homem do primeiro século (e de alguns trogloditas de hoje), mas já se pode imaginar que não partilho do pensamento deles. Aprendi até aqui algumas importantes lições: 
Primeira lição: as mulheres “evoluíram”. Hoje elas aprendem Física, Matemática e Medicina; administram, advogam e julgam com eficiência; ensinam, cuidam e se projetam como qualquer outra pessoa. Por que será que naquele tempo não aprendiam nem a Torá?  Essa pergunta pode ser formulada de outro modo: por que será que uma criança, cuja mãe não lhe dá alimento, fica desnutrida?
A segunda lição que aprendi é que o preconceito não tem nenhuma razão lógica para a sua existência. Ele é simplesmente uma estupidez. O preconceito dos homens contra s mulheres atesta que nós, masculinos, tínhamos medo delas. Temíamos que elas ocupassem o nosso lugar.
A terceira lição é que a tradição (melhor dizendo, o apego incondicional à tradição) é um obstáculo ao progresso. A tradição do primeiro século colocava a mulher  na condição de  um “objeto de cama e mesa”. Elas incorporaram essa idéia  e passaram séculos desempenhando apenas esse papel. Todos nós perdemos com isso.
Na missão de Jesus havia espaço para as mulheres porque Ele não tinha cama e nem mesa, somente trabalho. E o trabalho não era de apenas limpar a casa porque Ele  não tinha casa. O Mestre rompeu com a tradição e as “contratou” para outro trabalho.
Ele apostou nelas e não se decepcionou.
Esclareço que não considero o trabalho de limpar a casa como menos digno.  Apenas estou querendo dizer  que Jesus entendeu  que  a mulher podia fazer mais do que isso; que ela tinha competência para sair da rotina.
Quarta lição: Em muitos casos a solução de um problema está em romper com a tradição. As mulheres que romperam com a tradição encontraram  o Salvador  enquanto os homens, os que se mantiveram apegados a ela, rejeitaram o Messias.
Quinta lição: Romper com a tradição, às vezes, custa caro. O Mestre dos mestres deve ter sido  alvo de chacotas por ter mulheres no seu grupo de seguidores, por dar voz a elas. Ele, no entanto,  seguiu em frente. Sabia a que tinha vindo. Sua missão incluía apontar aos homens os seus equívocos e não mediu esforços nesse sentido.
Sexta lição: Se Jesus viesse hoje teria problemas semelhantes conosco. Talvez não implicássemos que mulheres O seguissem, mas, com certeza,  desprezaríamos o Seu trabalho se algum cantor ou grupo, não tradicional, cantasse uma música não clássica em um dos seus sermões.
Será que ainda há mais o que aprender?
 Campo Grande, agosto de 2008 (revisado em 16/12/2011) e postado em 29.12.2011 em Santa Cruz de La Sierra
Antonio Sales                         profesales@hotmail.com

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

MARIA DE NAZARÉ



Está chegando o Natal quando se comemora o nascimento de Jesus. Nessa época do ano os presépios fazem parte dos enfeites de rua. Nele vemos uma mulher encantada com o seu bebê que dorme em um bercinho de palha. Dá a impressão de que estava segura, tranquila, com as rédeas da situação nas mãos.
Tinha e ainda tenho algumas perguntas: Por que Jesus foi criado em Nazaré? Pura determinação divina? Em toda a Judéia só havia uma mulher em condições morais de ser   a mãe do Salvador? A vida de Maria, enquanto grávida,  foi tranquila, isto é, foi respeitada por todos?
Foi em janeiro de 2008 que algumas coisas a esse respeito começaram a ficar claras para mim. Na época  estudávamos uma lição bíblica com o título “As Mulheres e o Discipulado”. Minha atenção foi despertada para um fato que não havia percebido antes, em meus muitos anos de estudos da Bíblia. Descobri que Maria, mãe de Jesus, era de Nazaré e a partir dessa constatação muita coisa ficou explicada para mim. Muitas perguntas que eu fazia a mim mesmo e que não encontrava respostas agora estavam devidamente esclarecidas.
Pergunta 1: Porque Jesus, que foi a Belém para nascer e fugiu para o Egito para salvar a vida, veio passar a Sua juventude em Nazaré? Agora já tenho a resposta: lá era o reduto da família. O parentesco estava lá, a herança da família estava lá. Ao voltar para Nazaré, José e Maria, estavam voltando para casa.
Pergunta 2: Será que em toda a terra de Israel só existia uma jovem, virgem, em condições morais e espirituais de ser a mãe do Salvador? Agora entendo que havia muitas. Ela não era a única Maria em Israel e seu noivo não era o único José (Maria e José neste texto estão significando pessoas virtuosas).
Se eles não eram os únicos, por que então foram eles, de Nazaré, os escolhidos?
A resposta a esta pergunta está em João 1:46, quando Natanael se interroga se alguém virtuoso poderia ter origem em Nazaré. Essa pergunta de Natanael nos sugere que a cidade era conhecida pela sua tolerância ou ausência de radicalismo. Uma cidade não convencional, não engessada pelo formalismo existente em Jerusalém ou outra cultura qualquer de hábitos religiosos radicais.
Imaginemos que uma Maria de Jerusalém, ou de Belém, engravidasse antes do casamento e ainda viesse contar a história de estar grávida de Deus através de um anjo. Lapidação certa. Morte imediata e impiedosa, para ela e o filho, tão logo não conseguisse esconder mais a barriga. Será que um José, de Jerusalém, teria se casado com uma “adúltera” e “ blasfema” somente para protegê-la da morte certa?
Em Nazaré havia espaço para isso. Na cultura nazarena havia tolerância (não muita, mas havia) para com uma jovem que ficou grávida, fora do casamento, e isso permitiu que Deus usasse uma de suas filhas, para ser a progenitora do Seu filho. Essa Maria tinha que ser de Nazaré.
Como em Nazaré não era tão desonroso um homem assumir a gravidez de uma mulher que o havia “traído” José teve tempo de pensar sobre o que fazer. Esse pensar deu oportunidade a um anjo avisá-lo da inocência dela. Uma inocência que foi aceita porque José vivia em uma cultura que admitia a possibilidade de uma pessoa “errar” sem más intenções, isto é, que algum imprevisto acontecesse.
Nazaré respeitava a vida e por essa razão pode ter entre os seus habitantes a mãe do Messias.
Mesmo sabendo que Nazaré era tolerante não consigo imaginar uma vida tranquila para Maria e José durante a gravidez. Mesmo hoje, em pleno século 21, ainda presenciamos, nos meios cristãos, manifestações de ignorância que nos incomoda. Olhar enviesado, sorriso maldoso, apelidos pouco gentis, “brincadeiras” que realçam o que supomos ser fraqueza do outro e disfarces ainda são comuns. Imaginem há dois mil anos.
De qualquer forma essa constatação, que Maria era de Nazaré, isto é, de uma cultura recomendada marcada pela tolerância nos conduz a algumas reflexões:
1. Em nossa igreja há espaço para manifestações do Espírito Santo, ou ela está tão engessada pelo formalismo religioso que qualquer manifestação, diferente daquela que está programada pela igreja, será logo execrada, sem análise prévia?
2.Será que as “receitas” que ouvimos em sermões, sobre como receber o Espírito Santo, realmente funcionam?
3.Será que, pela “receita” rabínica, a jovem mãe de Jesus não teria que ser de Jerusalém (hierosolimita)?
4.Estamos prontos para sermos surpreendidos por Deus com algum ato estranho?
5.Terá Deus que escolher a pessoa que queremos, da forma que queremos e na igreja que queremos, para derramar o Seu Espírito?
6. Será que a “plenitude do tempo”, de que fala Paulo ( Gal.4:4), não está relacionado com a espera de Deus até que uma cidade da Judéia estivesse amadurecida para permitir a gestação do Seu filho?
Assim aprendemos que:
O formalismo mata. A rigidez elimina a possibilidade de manifestações divinas. O radicalismo é autodestrutivo.
Continuaremos refletindo sobre o tema.
Campo Grande, janeiro de 2008 (revisto em 16/12/2011).
Antonio Sales        profesales@hotmail.com

E SE EU ESTIVESSE LÁ?

“Não conheço este homem”, disse Pedro (Mt 26:72 ). O Jesus que me apresentaram era diferente. Ele diria para as crianças serem boazinhas e obedecerem sempre o papai e a mamãe. Agora vejo-O dizendo para a Sua mãe: “mulher, que tenho eu contigo?”(Jo  2:4 ).
Aprendi que Jesus sempre aponta o caminho a seguir, tem sempre uma  resposta à minha oração pedindo que oriente  sobre o que fazer em momentos difíceis. O que ouço, muitas vezes, é o silêncio e lendo os evangelhos encontro mais perguntas do que respostas. Por que Ele não tirou o Seu amigo Pedro da situação vexatória de negá-Lo se Ele podia fazer estremecer o local, assustar a todos e salvar a Pedro? Se Ele pôde fazer os guardas caírem na entrada do Getsêmani, porque permitiu, logo depois, que O prendessem? (Jo 18:6). Por que Ele se frustrou com o zelo dos fariseus, se eles estavam sendo zelosos por Deus e pela religião? Por que Ele condenava o adultério e permitia que mulheres adúlteras O servissem? Por que condenava a exploração do homem pelo próprio homem e aceitava publicanos entre os seus discípulos? Por que Ele instituiu a família no Éden e depois vem estimular as pessoas a deixarem a família por sua causa prometendo-lhe recompensa no reino dos céus? (Mt  19:29)
Se eu estivesse lá, e parasse para pensar, com certeza não entenderia nada. Não entenderia nem mesmo porque Maria, na fase final da gravidez teve que fazer  a penosa a viagem até Belém, no lombo de um jumento, se bastaria José ter comparecido? Naquele tempo um homem representava plenamente a sua família. Como Yancey (2004), eu pergunto: “será que José não arrastou a esposa grávida até Belém para livrá-la da ignomínia de dar à luz em sua própria cidadezinha?”
Lá todos a conheciam, sabiam da sua gravidez sem a participação do marido. Lá ela era uma adúltera e o filho, um bastardo. A história da sua gravidez a partir de um anjo, não se parece com a estória da gravidez por boto, lá no Amazonas?
E se eu estivesse lá, o que mudaria? Faria coro com os outros, olhando enviesado para ela? Na escola não praticaria o bulling com Jesus chamndo-O de filho de  pai imaginário? Um bulling altamente destrutivo da autoestima do outro.
Se eu estivesse lá, como teria reagido ao ver José passar na rua e lembrar que sua esposa estava grávida de outro? De que apelido o chamaria? Teria levado fraldas para Jesus quando ele nasceu na manjedoura, sabendo que era filho sem pai definido?
Como teria reagido vendo Jesus chorar na tumba de Lázaro, se sempre o vejo sério, confiante e aprendi que sempre sabe o que faz?
Se eu estivesse lá, com a cabeça e as oportunidades que tenho hoje, o que mudaria?
Vale a pena pensar.
Nova Andradina, 10 de dezembro de 2012.
Antonio Sales   profesales@hotmail.com
Referência
YANCEY, Philip. O Jesus que nunca conheci. São Paulo: Vida, 2004.

domingo, 11 de dezembro de 2011

É NATAL E ANO NOVO

Chegou o Natal. Tem-se a impressão de que a data traz em si o milagre do renascimento. Parece que o “berço de palha”, que acolheu o menino de Belém,  se instala em todos os lares cristãos. Parece ocorrer um avivamento da fé, um aquecer dos corações, uma conversão dos pais aos filhos e dos filhos aos pais ( Ml 4:6 ). Parece que a religiosidade renasce das cinzas e traz esperança de um mundo melhor no novo ano que se aproxima. Pura ilusão.
Que os pais se aproximam dos filhos por algumas horas é verdade. O motivo é que não é aquele apregoado. O “milagre” é econômico (décimo-terceiro salário para uns e emprego temporário para outros) e comercial: férias, luzes, enfeites, músicas tradicionais, promoções. Há um desestabilizar momentâneo das emoções, um excesso de euforia e um bem-estar em poder presentear. São “fogos  de artifício” que brilham no céu por instantes e logo se esvaem.
Isso não é necessariamente mau. Um fogo de artifício, mesmo com a sua efemeridade, pode apontar o caminho para um viajante perdido ou indicar onde está quem precisa de socorro em alto mar.
Nos naufrágios familiares, nos distanciamentos entre pais e filhos esse “milagre” do Natal, mesmo efêmero pode indicar onde está a falta e ser o ponto de partida para o reencontro. Muitas vezes o que falta não é o amor, é a reflexão sobre ele. Uma reflexão solidificada por uma teoria. Essa reflexão pode ser fundamentada na religião, só não pode ser ingênua. Só não pode ser pautada pelos mitos do cotidiano.
Natal! Que venha o Natal e com ele os bons momentos em família. Os bons encontros com amigos. Que sejamos todos felizes ainda que por uns poucos momentos. Só não podemos ser ingênuos de pensar que basta o Natal para nos aproximar.
Ano Novo! Por que será que todos os nossos planos para o novo ano se esvaem em poucos dias? Por que será que o ano novo envelhece antes de terminar o primeiro mês?
Às vezes temos a impressão de que o tempo para no primeiro dia do ano. Que o tempo velho morre e nasce outro tempo. Iludimo-nos crendo no milagre da ressurreição do tempo. Mas o tempo é contínuo. O novo ano é continuação do passado. O que muda é só o calendário, essa divisão útil, porém, arbitrária do tempo.    Entro no novo ano como um velho homem. Levo comigo os meus vícios, os meus trejeitos, as minhas máscaras, as minhas mágoas, os meus mitos e medos. Levo comigo os meus ideais, a minha ética, o meu respeito pelo outro e a minha vontade de trabalhar.
Nada muda na minha vida de um instante para o outro. Tudo é um processo, uma construção. Se levo para o novo ano um bom projeto iniciado em 2011 com certeza o ano de 2012 não envelhecerá em janeiro. Se entro no novo ano  de mãos vazias, de coração machucado pela dor e de “espírito” perturbado pela falta de perspectiva, ele envelhecerá no segundo dia, quando tudo voltar ao “normal”.
O tempo é contínuo. Todo dia é novo e todo dia é  velho. A diferença está em nós.
Amigo leitor, não faça planos para o Ano Novo. Faça planos para você e tenha um Feliz Natal e um Ano Novo repleto de realizações.
Nova Andradina, 11 de dezembro de 2011.
Antonio Sales                      profesales@hotmail.com

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

É DIFÍCIL SER CORTÊS COMIGO

Marquei uma visita a um colega de profissão que trabalha em outro local. Ao chegar, no horário combinado, fui saudado com um largo sorriso pelos demais colegas que estavam no local. O colega que estava aguardando a minha visita pediu-me que esperasse enquanto ele fechava os arquivos e desligava o computador. Assenti com um sorriso. A saudação acolhedora de todos dera-me tranquilidade.
Nesse interim outro colega disse-me: “sei que o professor não toma café. Temos chá, aceita?”. Agradeci e ele esboçou um sorriso que me preocupou. Disfarcei a minha percepção do seu desconforto e gracejei: é difícil ser cortês comigo, eu não aceito cortesia. Recebi, em troca,  outro sorriso afetuoso e a anuência do colega.
Encontrei-me naquele dia.  Vivo à procura de mim mesmo e de vez em quando me encontro. As pessoas e as circunstâncias, frequentemente, colocam-me frente a frente comigo. Algumas vezes me encontro e outras vezes fujo de mim mesmo negando o que fiz ou o que se passou comigo. Quantas vezes nego ser o que sou!
Certa vez li o depoimento de um deficiente físico sobre o encontro consigo mesmo. Ele não era cadeirante, mas tinha uma dificuldade visível de locomoção e não admitia que precisava de ajuda. Naquele tempo não havia conscientização coletiva e nem legislação sobre os direitos da pessoa com necessidades especiais. Os ônibus não eram adaptados,  não havia preferência e nem respeito pelo diferente.
Sua situação era complexa. Achava humilhante aceitar ajuda e não tinha condições de competir em nível e igualdade com os outros no embarque em coletivos, por exemplo.
Certo dia, segundo ele, estava no ponto de ônibus. Todos os passageiros teriam que entrar pela porta de trás, mas o motorista acenou para que ele entrasse pela porta da frente e fez gesto de disposição para ajudá-lo a subir os degraus. Ele recusou, dirigiu para a porta de trás, subiu com dificuldades e ficou em pé porque não havia mais  banco vazio.
Em pé, tentando equilibrar-se enquanto o ônibus dava a arrancada inicial, seus olhos se cruzaram com os do motorista que o acompanhavam pelo retrovisor.  Nesse olhar ele percebeu a frustração do motorista em não poder ajudá-lo. Encontrou-se.
Percebeu naquele momento que ele havia negado a um homem bom o privilégio de ajudar alguém e, quem sabe, ao chegar a casa contar para a esposa e para os filhos a história do seu ato de bondade. Daria uma lição de vida aos filhos. Nesse momento o nosso personagem percebeu o seu egoísmo e a sua falta de sensibilidade. Negando a sua deficiência sofria mais e roubava dos outros o privilégio de serem corteses.
Aprendi que preciso aceitar as cortesias que me fazem para que as pessoas possam sentir-se bem. Como é difícil oferecer um sorriso a alguém e receber uma carranca em troca. Como é difícil oferecer a mão a alguém que está subindo uma escada ou no ônibus e receber um encolher de mão como resposta. Como é difícil oferecer um abraço e receber um afastamento de corpo. Como é difícil oferecer um “bom dia” e receber um virar de rosto.
Não estou propondo que se aceite cortesia de qualquer pessoa e em qualquer circunstância. Não proponho que se aceite um drink, um cigarro ou um convite bizarro como cortesia. Estou pensando em conhecidos, em uma oferta de produto saudável ou convite para um jantar, ou lanche, em um lugar decente.
Seja mais acessível às cortesias que será mais fácil ser cortês.
Nova Andradina, 08 de dezembro de 2011.
Antonio Sales                                     profesales@hotmail.com