Chegou o Natal. Tem-se a impressão de que a data traz em si o milagre do renascimento. Parece que o “berço de palha”, que acolheu o menino de Belém, se instala em todos os lares cristãos. Parece ocorrer um avivamento da fé, um aquecer dos corações, uma conversão dos pais aos filhos e dos filhos aos pais ( Ml 4:6 ). Parece que a religiosidade renasce das cinzas e traz esperança de um mundo melhor no novo ano que se aproxima. Pura ilusão.
Que os pais se aproximam dos filhos por algumas horas é verdade. O motivo é que não é aquele apregoado. O “milagre” é econômico (décimo-terceiro salário para uns e emprego temporário para outros) e comercial: férias, luzes, enfeites, músicas tradicionais, promoções. Há um desestabilizar momentâneo das emoções, um excesso de euforia e um bem-estar em poder presentear. São “fogos de artifício” que brilham no céu por instantes e logo se esvaem.
Isso não é necessariamente mau. Um fogo de artifício, mesmo com a sua efemeridade, pode apontar o caminho para um viajante perdido ou indicar onde está quem precisa de socorro em alto mar.
Nos naufrágios familiares, nos distanciamentos entre pais e filhos esse “milagre” do Natal, mesmo efêmero pode indicar onde está a falta e ser o ponto de partida para o reencontro. Muitas vezes o que falta não é o amor, é a reflexão sobre ele. Uma reflexão solidificada por uma teoria. Essa reflexão pode ser fundamentada na religião, só não pode ser ingênua. Só não pode ser pautada pelos mitos do cotidiano.
Natal! Que venha o Natal e com ele os bons momentos em família. Os bons encontros com amigos. Que sejamos todos felizes ainda que por uns poucos momentos. Só não podemos ser ingênuos de pensar que basta o Natal para nos aproximar.
Ano Novo! Por que será que todos os nossos planos para o novo ano se esvaem em poucos dias? Por que será que o ano novo envelhece antes de terminar o primeiro mês?
Às vezes temos a impressão de que o tempo para no primeiro dia do ano. Que o tempo velho morre e nasce outro tempo. Iludimo-nos crendo no milagre da ressurreição do tempo. Mas o tempo é contínuo. O novo ano é continuação do passado. O que muda é só o calendário, essa divisão útil, porém, arbitrária do tempo. Entro no novo ano como um velho homem. Levo comigo os meus vícios, os meus trejeitos, as minhas máscaras, as minhas mágoas, os meus mitos e medos. Levo comigo os meus ideais, a minha ética, o meu respeito pelo outro e a minha vontade de trabalhar.
Nada muda na minha vida de um instante para o outro. Tudo é um processo, uma construção. Se levo para o novo ano um bom projeto iniciado em 2011 com certeza o ano de 2012 não envelhecerá em janeiro. Se entro no novo ano de mãos vazias, de coração machucado pela dor e de “espírito” perturbado pela falta de perspectiva, ele envelhecerá no segundo dia, quando tudo voltar ao “normal”.
O tempo é contínuo. Todo dia é novo e todo dia é velho. A diferença está em nós.
Amigo leitor, não faça planos para o Ano Novo. Faça planos para você e tenha um Feliz Natal e um Ano Novo repleto de realizações.
Nova Andradina, 11 de dezembro de 2011.
Antonio Sales profesales@hotmail.com
Bom Dia, Sales!
ResponderExcluirJá que o momento nos leva a fazer reflexão...que possamos a cada dia dar o nosso melhor, e sentirmos saudades dos momentos compartilhados.
Aproveito também para lhes desejar Natal cheio de Paz,harmonia,saúde,trabalho e o principal que Jesus seja o comandante de nosso barco em todos os dias 2012.....Que cada manhã lhe traga uma benção escondida e possa encontrar saída para as confusões e alegria para os bons momentos!
Sinete Arruda>