Um
leitor, após leu o meu texto intitulado “Em que eu Creio” onde falo de crença
irracional pediu-me que exemplificasse o que seria essa crença. Esclareço que o
referido texto foi ilustrado com a experiência dos iraquianos no período da
guerra, da invasão de Bagdá pelos exércitos aliados. O texto não tem a intenção
de analisar a guerra, de julgar os motivos da mesma ou emitir juízo de valor
sobre quem quer que seja. A citação da experiência dos iraquianos foi apenas
ilustrativa.
Nesta
resposta retomo o assunto numa tentativa de responder ao meu leitor. O objetivo
é dizer o que é uma crença racional ou irracional.
Quando
uma criança acredita que os seus pais têm poder ilimitado ela tem uma crença
infantil; um adulto, nas mesmas circunstancias, tem crença irracional.
Tomando o
exemplo dos iraquianos que inspirou no texto podemos dizer que por mais bem preparado física e
psicologicamente que fosse o exército da Sadam, por mais patriótico que fossem
os seus homens, ele era numericamente inferior ao exército dos aliados. Como se isso não bastasse os aliados tinham respaldo
de nações ricas com alto desenvolvimento tecnológico e com altos investimentos
em artefatos de guerra. A superioridade técnica e numérica dos aliados era
inegável.
Acreditar na vitória iraquiana supondo que aliados
se perderiam no deserto, numa época de GPS, é irracional. Acreditar na vitória
supondo que um exército consegue abater os instrumentos do outro com
equipamentos de qualidade tecnológica superior apenas porque queremos que isso
aconteça, é irracional.
Da mesma
forma é irracional esperar que Deus resolva alguns problemas que deveria ser
resolvido por nós. É irracional acreditar que Deus vai mudar o desejo que
alguém tem de usar drogas porque nós queremos o que o outro abandone a droga. Evidentemente
que Deus poderá dar-lhe forças para superar, mas somente se o sujeito quiser.
Não basta eu (pai ou mãe) querer.
É irracional
acreditar que Deus vai depor um governante que nos desagrada, quando ele tem manteve
Saul no poder por vinte anos após tê-lo rejeitado.
As
pessoas que estão na linha divisória da esperança com o desespero, ficam
premidas pela necessidade de sobrevivência, pelo anseio de encontrar uma saída.
Não vislumbrando possibilidades de escape pelos meios naturais, pelos esforços
próprios, por meios econômicos (que quase sempre lhes faltam) ou por meios
políticos, tendem a desenvolver uma crença irracional, isto é, esperam saída de
onde ela não pode vir ou de onde nunca viram vir qualquer socorro. Uns esperam
que a sorte (ou o acaso) os beneficie e outros esperam que venham soluções
externas, miraculosas, para os problemas que lhes cabem resolver. São crenças
irracionais.
Aqueles
que possuem recursos financeiros, poder intelectual ou influência política
tendem a se tornar seletivos com relação às suas crenças. Escolhem
racionalmente os objetos que são dignos de receber o depósito das suas
esperanças. Têm tranquilidade para raciocinar e analisar as possibilidades,
verificar se a probabilidade lhes é favorável ou não.
As
pessoas com mais informação tendem a buscar ajuda e não milagres, socorro e não
sorte, planejar e agir e não fica esperando soluções externas (voluntárias ou
aleatórias) para problemas internos que requerem ação. É a crença racional.
Campo
Grande, 13 de junho de 2013
Antonio
Sales profesales@hotmail.com
Sim, professor, entendi.Aprovado.
ResponderExcluirEsta resposta ao meu ver, está riquíssima, muito bem, para bens, valeu, amigo.
ResponderExcluirAbraços..
Obrigado, amigos.
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