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sábado, 13 de julho de 2013

A RACIONALIDADE DA CRENÇA




Um leitor, após leu o meu texto intitulado “Em que eu Creio” onde falo de crença irracional pediu-me que exemplificasse o que seria essa crença. Esclareço que o referido texto foi ilustrado com a experiência dos iraquianos no período da guerra, da invasão de Bagdá pelos exércitos aliados. O texto não tem a intenção de analisar a guerra, de julgar os motivos da mesma ou emitir juízo de valor sobre quem quer que seja. A citação da experiência dos iraquianos foi apenas ilustrativa.
Nesta resposta retomo o assunto numa tentativa de responder ao meu leitor. O objetivo é dizer o que é uma crença racional ou irracional.
Quando uma criança acredita que os seus pais têm poder ilimitado ela tem uma crença infantil; um adulto, nas mesmas circunstancias, tem crença irracional.
Tomando o exemplo dos iraquianos que inspirou no texto podemos dizer que  por mais bem preparado física e psicologicamente que fosse o exército da Sadam, por mais patriótico que fossem os seus homens, ele era numericamente inferior ao exército dos aliados.  Como se isso não bastasse os aliados tinham respaldo de nações ricas com alto desenvolvimento tecnológico e com altos investimentos em artefatos de guerra. A superioridade técnica e numérica dos aliados era inegável.
 Acreditar na vitória iraquiana supondo que aliados se perderiam no deserto, numa época de GPS, é irracional. Acreditar na vitória supondo que um exército consegue abater os instrumentos do outro com equipamentos de qualidade tecnológica superior apenas porque queremos que isso aconteça, é irracional.
Da mesma forma é irracional esperar que Deus resolva alguns problemas que deveria ser resolvido por nós. É irracional acreditar que Deus vai mudar o desejo que alguém tem de usar drogas porque nós queremos o que o outro abandone a droga. Evidentemente que Deus poderá dar-lhe forças para superar, mas somente se o sujeito quiser. Não basta eu (pai ou mãe) querer.
É irracional acreditar que Deus vai depor um governante que nos desagrada, quando ele tem manteve Saul no poder por vinte anos após tê-lo rejeitado.
As pessoas que estão na linha divisória da esperança com o desespero, ficam premidas pela necessidade de sobrevivência, pelo anseio de encontrar uma saída. Não vislumbrando possibilidades de escape pelos meios naturais, pelos esforços próprios, por meios econômicos (que quase sempre lhes faltam) ou por meios políticos, tendem a desenvolver uma crença irracional, isto é, esperam saída de onde ela não pode vir ou de onde nunca viram vir qualquer socorro. Uns esperam que a sorte (ou o acaso) os beneficie e outros esperam que venham soluções externas, miraculosas, para os problemas que lhes cabem resolver. São crenças irracionais.
Aqueles que possuem recursos financeiros, poder intelectual ou influência política tendem a se tornar seletivos com relação às suas crenças. Escolhem racionalmente os objetos que são dignos de receber o depósito das suas esperanças. Têm tranquilidade para raciocinar e analisar as possibilidades, verificar se a probabilidade lhes é favorável ou não.
As pessoas com mais informação tendem a buscar ajuda e não milagres, socorro e não sorte, planejar e agir e não fica esperando soluções externas (voluntárias ou aleatórias) para problemas internos que requerem ação. É a crença racional.

Campo Grande, 13 de junho de 2013
Antonio Sales                               profesales@hotmail.com

 

3 comentários:

  1. Sim, professor, entendi.Aprovado.

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  2. Esta resposta ao meu ver, está riquíssima, muito bem, para bens, valeu, amigo.
    Abraços..

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