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sexta-feira, 5 de julho de 2013

CASAR PARA SER FELIZ




Vez ou outra ouço alguém, que considero desavisado, dizer em público que quando alguma pessoa se propõe a uma união conjugal deve fazer pensando em fazer o outro feliz. Dizem que os problemas que os casais enfrentam são produto do egoísmo de querer se feliz ao invés de casar-se para fazer o outro feliz.
Tenho dúvidas se essa orientação esta correta.
Com relação à felicidade, penso que é complexo definir se alguém é feliz ou não. Só o sujeito pode dizer da sua felicidade. Entendo que múltiplos fatores precisam ocorrer para que a felicidade se efetive e muitos são os fatores que podem intervir para que ela não ocorra.
Um fator é a vontade, o querer. Talvez este seja o mais complexo de todos.
Mas o querer sozinho não é suficiente para que alguém seja feliz. Em meu texto "Sou feliz quando quero?", postado neste mesmo espaço, apresento alguns fatores que podem neutralizar o poder da minha vontade.
Por outro lado, se a vontade não é condição suficiente, ela é condição necessária.
Ninguém pode ser feliz contra a sua própria vontade. Pode parecer estranho imaginar que haja quem não queira ser feliz, mas as exceções existem. Pelo menos em tese é possível conceber essa possibilidade. Suponho que haja casos patológicos onde a presença da possibilidade de ser feliz seria um fator de infelicidade.
Quando ouço esse discurso de que devo fazer o outro feliz fico imaginando uma pessoa querendo me fazer feliz e eu não querendo ser feliz com ela. Deve ser desgastante para os dois.
Muito bem, se a felicidade depende, em alguma instância, da vontade do sujeito então ela pode ser diferente nos diversos sujeitos. Aqui está outro complicador. Como posso fazer alguém feliz se não sei como ele quer ser feliz?
Os amigos influenciam mais em uns e menos em outros na constituição da felicidade. Para alguns o casamento é o supremo bem, para outros é uma obrigação social, uma cultura a ser respeitada. Para uns é uma necessidade, para outros é uma convenção. Para uns ele representa a redenção de uma vida monótona, sem sentido, para outros uma sobrecarga de deveres e o cerceamento da liberdade individual. Para uns, é um sonho a ser realizado, para outros, uma responsabilidade que deve ser protelada. Para uns é um privilegio enquanto para outros, um compromisso.
Diante de tanta variação de sentimentos, como alguém pode pretender fazer o outro feliz? Deverá, o máximo, ter a preocupação de não impedir a felicidade do outro.
Concluo que casa-se para ser feliz. Se conseguir isso já está muito bom porque os felizes, de alguma forma, contagiam os outros e assim sendo contribuem para a sua felicidade. Ninguém proporciona o bem-estar que não possui. Portanto, casa-se para não ficar sozinho e, se possível, para ser feliz.
 Se esse encontro for saudável, se os momentos juntos forem bons, se houver parceria, então a felicidade pode ser o resultado do casamento. Caso contrário, não haverá felicidade para nenhum dos dois. Haverá tédio.
Antonio Sales                            profesales@hotmail.com
Nova Andradina, 05 de julho de 2013

8 comentários:

  1. Gostei de todos os seus comentários em que já dei uma lida, mas este muito mais, não suporto ouvir as pessoas dizerem que vão se casarem para ser feliz. Fui casada por onze anos, pareceu cem, foi um período de total infelicidade, (pensa bem, depois de um dia de muito trabalho aquele cansaço um dos cônjuges começa a ler a bíblia em voz bem alta e não deixa o outro dormir)

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  2. É, amiga leitura. Você tem razão. Tem casamento que é mais uma fonte de infelicidade do que propiciador de felicidade.
    Ainda mais com essa ideia de que se deve fazer o outro feliz. Imagine que eu parta do pressuposto de que o meu cônjuge, para ser feliz, deve estudar Matemática e resolva torná-lo feliz dando-lhe aulas de Matemática todas as noites (rsrsrs). Para "completar" esse cônjuge gostaria de estar estudando Inglês (rsrsrs). Que felicidade hein!?

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  3. Quando vc diz "fonte"de infelicidade dá-se uma impressão que esta pessoa está transmitindo algo em pouca quantidade. Vou mais longe, digo que há pessoas que transmite infelicidade, mais ou menos assim: (como se rompesse todas as comportas de uma represa de usina elétrica). E não é exagero.

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  4. Continuo lhe dando razão, amiga leitora. Há pouca informação e muito mito sobre felicidade, especialmente sobre a felicidade no casamento.

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  5. Olá Antonio, Tudo bem? Acredito que todo ser humano quer ser feliz. E vive para isso.Penso que a felicidade não está ligada a fatores externos.É preciso que estejamos bem e em paz. Por mais decepção que possamos ter ao lado do outro,vive-se a esperança de que basta um dia após o outro, e que tudo mudará e que a felicidade está ali ao alcance. Ledo engano, escorre pelas mãos. Acho também, que complicamos muito nessa busca, usamos muito a razão tentando convencer ou mudar o outro. Quando isso acontece não conseguimos perceber a tal felicidade, que na verdade é baseada em momentos e momentos passam. É preciso estar alerta, porque tudo que é bom passa muito depressa.Abraços.













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    1. Interessante o seu ponto de vista, amigo. Este espaço fica mais rico com essa contribuições.
      Com relação ao que penso sobre felicidade sugiro que leia, neste mesmo espaço, minhas considerações sob o título: felicidade.
      Não resta dúvida de que ser feliz com o cônjuge é uma arte.

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  6. Olá, Antonio. Obrigada se de algum jeito enriqueço este espaço. Fico feliz, ainda mais vindo de ti esse elogio. Te admiro muito, sabes disso. Sobre a dica de continuar fazendo leitura, saiba que leio basicamente tudo que escreves. Acho que sou tua fã número 1. Sei que ser feliz com o outro é uma arte, assim como ter amigos sinceros é uma arte, tentar viver só é uma arte, tentar convencer alguém do amor que sentimos é uma arte, é assim... é a vida. Bjs

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  7. "Viver é uma arte". É isso mesmo! Muitos pensam que exite uma ciência do viver. Mas a ciencia é metódica e parece que não existe um método para um bom relacionamento. O que existe é arte.
    Obrigado mais uma vez

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