Recentemente
adquiri o livro “ELA em minha vida: o difícil caminho do calvário”. É a
biografia de José Newton de Souza Paz. Este homem nascido em 1962 viveu, por mais de
quarenta anos uma vida normal,
como todos os homens: lutou, sonhou,
constituiu família e realizou tantos outros sonhos. Um dia do ano de 2006, ao
executar um serviço manual, sentiu que a força da mão lhe faltara. Exames
médicos detectaram que estava afetado
pela Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), uma doença, ainda sem causa definida.
ELA faz com que o cérebro vá, pouco a pouco, perdendo o controle sobre os
músculos que se tornam rígidos. O processo não é tão lento como gostaríamos que
fosse e, em 2013 quando eu o vi, somente o movimento dos olhos estava sob
controle do cérebro e, quase imperceptivelmente, o canto da boca.
Zé Newton
respira e se alimenta por meio de tubos e depende de cuidados constantes e
especiais de sua família que se mantém ao seu lado.
Sentimos
uma sensação de mal-estar ao nos aproximarmos dele. Temos a impressão de ele não
sente e não pensa. Seu semblante "petrificado", pela falta de
movimentos, nos ilude com sentimentos de que ele está alheio ao que se passa ao
redor.
Sua família,
carinhosamente, cuida dele em todos os detalhes proporcionando-lhe o máximo de
conforto que pode, mesmo assim imagino que sua vida não seja nada fácil.
Ele, porém, não desistiu de viver e um amigo nosso, professor e pesquisador, resolveu ajudá-lo nessa tarefa. O Professor Anailton Gama, que aprendi a respeitar pela competência profissional e compromisso com o outro, sendo entendido em “Informática Assistiva” providenciou-lhe um computador e um programa que, através do webcam, capta o momento dos olhos direcionados para um teclado instalado na tela do computador e permite que Zé Newton escreva a sua história e se conecte com o mundo.
Ele, porém, não desistiu de viver e um amigo nosso, professor e pesquisador, resolveu ajudá-lo nessa tarefa. O Professor Anailton Gama, que aprendi a respeitar pela competência profissional e compromisso com o outro, sendo entendido em “Informática Assistiva” providenciou-lhe um computador e um programa que, através do webcam, capta o momento dos olhos direcionados para um teclado instalado na tela do computador e permite que Zé Newton escreva a sua história e se conecte com o mundo.
O livro que tenho é resultado dessa parceria.
O Zé Newton narrava os fatos, expressava os sentimentos e o Anailton dava forma
ao texto.
No dia do lançamento conheci o Zé Newton que
expressava os seus sentimentos através das lágrimas que escorriam pelo rosto e
que eram gentilmente enxugadas pela esposa.
O corpo
do Zé Newton não reage mais, mas ele está vivo e bem vivo. Ele ainda presta
serviço produzindo arte no seu computador adaptado. Está vivo porque não
desistiu de viver.
Conhecemos
outros casos. Sabemos de pessoas com lesão cerebral, cujos membros se movem
desordenadamente e cuja fala é dificultada e quase ininteligível, mas que vivem
intensamente a vida, pensando, sentindo e amando. Essas pessoas, quando lhes
damos oportunidade (e agora com a “informática assistiva” as oportunidades se
ampliaram) mostram o potencial do seu cérebro que, apesar de lesionado, não
perdeu o vigor.
Pérolas
de sabedoria e lições de vida borbulham nesses cérebros presos em um corpo que
não obedece. O corpo pode ser inerte ou desordenado mas desde que o cérebro
tenha ordem e esteja ativo não é um caso perdido.
Nesses
casos, tudo que nos resta fazer é proporcionar o máximo de conforto ou o mínimo
de sofrimento ao corpo dessas pessoas, respeitar os seus sentimentos e
estender-lhes a mão (humana, financeira e tecnológica) para que realizem os
seus sonhos. Nossa função é dar apoio ao corpo uma vez que o cérebro está bem.
Valorizar
esses cérebros prodigiosos, presos em corpos frágeis, consiste em apoiar o
corpo, alimentar o corpo, diminuir as dores do corpo e ampliar as
possibilidades do corpo.
Por que
escrevo isso?
Por que,
segundo Paulo (1Co 12:27), a igreja é o corpo de Cristo. Se Cristo é a “Cabeça
da Igreja” e, se pressupomos que Ele está em ordem, a nossa função é apoiar o
corpo e não chicoteá-lo.
Valorizar
esse cérebro prodigioso é apoiar o “corpo” (Mt 25:31-43), potencializar o
“corpo” com instruções adequadas, evitar fazer o “corpo” sofrer com reprimendas
desnecessárias, não exigir que o “corpo” faça o que não pode fazer.
Penso que
temos desrespeitado a Cristo, “Cabeça da Igreja”, com a nossa exigência
exagerada, intolerância com os mais fracos e agressividade discursiva.
Antonio
Sales profesales@hotmail.com
Nova
Andradina, 27 de julho de 2013
Minha interpretação a respeito das palavras de Paulo e a tecnologia usada no texto.
ResponderExcluirEntendi assim: Quando Deus criou o homem criou também seus técnicos, para cuidar do corpo do Seu filho Jesus.Quando o corpo de Cristo não está bem, convocamos os técnicos. Quem são Eles? O Espírito Santo e os Anjos Fortes; ao serem convocados Eles rompem a barreira do inimigo e o corpo de Cristo é iluminado e abençoado, e assim a cabeça fica feliz com seu corpo.
Muito bem, amigo.
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