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sábado, 12 de outubro de 2013

O CONFLITO



Muitos discursos religiosos começam situando nossa vida no contexto do conflito cósmico. Tratam do problema no âmbito espiritual, como se o conflito só existisse no mundo dos espíritos. Mas o conflito é real. É uma batalha contínua do bem versus o mal.
Em cada momento vemos a batalha sendo travada e ora o mal supera o bem e ora o bem supera o mal. Em cada momento em cada lugar da terra você encontra um exemplo dessa luta.
Aqui é alguém doando sangue para um desconhecido. Nesse momento e nesse lugar o bem está superando o mal. Ali é uma mãe que acaricia o filhinho,  sorri feliz e diz para ele que o papai está chegando. Ouço, nesse momento, o pai batendo na porta, sóbrio, sorridente e os três se unem num amplexo profundo de paz. É o bem superando o mal.
Ali vejo alguém devolvendo carteira que ele achou com tudo que tem dentro. O bem superou o mal mais uma vez. Vejo um trabalhador atuando com honestidade, um médico salvando a vida de um pobre na sala de cirurgia, o enfermeiro dando atenção a todos sem levar em conta a classe social, o sexo, a cor e a religião. Vejo o bem superando o mal com muita frequência.
Vejo um mecânico se firmando como alguém de confiança de mercado, um terapeuta cobrando taxa social para poder atender o pobre, um professor preparando com cuidado a sua aula para atingir o maior número de crianças com a sua didática. Vejo o bem se sobrepondo ao mal.
Olha mais além e vejo crianças morrendo de fome, vejo a guerra fraticida usando armas químicas contra civis. Vejo um jovem sendo morto a tiros na esquina porque, nervoso, não conseguiu entregar o seu celular; vejo um ancião sendo atropelado por um motorista embriagado; vejo uma mulher com os filhos sendo espancada pelo próprio marido; vejo um profissional da saúde negando socorro porque o sujeito não tem dinheiro para pagar; vejo um soldado aceitando suborno e vejo um jovem sendo aliciado pelos traficantes. Com tristeza vejo o mal superando o bem.
Neste mesmo momento se olho para um lado vejo o bem superando do mal e se olho para o outro lado vejo o mal superando o bem. Vejo o conflito cósmico na vida real.
Jesus disse: neste mundo tereis aflições (Jo 16: 33).  Do que Ele estava falando? De perseguição contra os cristãos? Talvez inclua isso, mas para mim é muito mais. Ou para você uma mulher grávida ser espancada pelo próprio marido não é aflição? Será que o homem que chega em casa, mais uma vez desempregado, depois de três meses procurando emprego, não é aflição? Será que ver a sua casa arrombada e todas as suas economias se evadirem, não é aflição? Será que ver o filho com uma doença rara e sem recursos para dar a assistência que ele precisa não é aflição?  Será que ver um filho sendo engolido pelo mundo das drogas não é aflição? Será que ser diferente em um ambiente preconceituoso não é aflição? Será que ter câncer não é aflição?
O que é aflição para você?
Temos a tendência de evitar pensar nessas coisas como se elas não existissem
Condenamos os noticiários sangrentos porque escancaram o mundo diante de nós. Expõem diante de nós todas as nossas mazelas. Preferimos os jornais sem rosto, aqueles que não dão opinião e, por isso, não nos afligem. Preferimos os jornais que falam de coisas bonitas para não precisarmos nos indignar com as injustiças. Queremos evitar que nossos filhos ouçam sobre as mazelas. Preferimos que sejam como avestruzes que escondem a cabeça.
Claro que não estamos defendendo que se gaste todo tempo ouvindo e falando sobre mazelas. É preciso ter equilíbrio, mas não podemos fugir da realidade. Temos que assumir que vivemos em um mundo de contradições, que nossos filhos enfrentarão esse mundo, que temos que assumir a nossa posição política (de envolvimento ou não envolvimento) nesse mundo.
Não dá para fugir, não dá para fingir não ver, não dá para continuar tentando tapar o “sol com a peneira”.

Antonio Sales                                       profesales@hotmail.com
Campo Grande, 14 de setembro de 2013.

13 comentários:

  1. Esta é uma verdade, nua e crua. Os dias em que vivemos é como estivéssemos engolindo um porco espinho.

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    1. Não dá para fingir não ver, não é mesmo?

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    2. Quando o indivíduo decide andar pelo caminho estreito, em toda a sua trajetória de vida fica escrito o que ele assumiu, no meu intender é a melhor política. Não entendi se vc disse de uma política mais ampla.

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    3. Talvez não baste um registro da decisão. Talvez o mais importante seja o abrir dos olhos para ver o que se passa ao redor. Entender a complexidade da vida, sair do pequeno mundo dos que imaginam que "lá fora" é tudo mal.

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    4. Ao meu ver, não há como vivermos sem o mundo lá de fora; não podemos viver sem o mundo, lá de fora; mas não podemos conviver com tal mundo. Como entender tal complexidade? Como superar a tal conflito?

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    5. Os dilemas fazem parte da vida das pessoas pensantes.É possível fazer algo para melhorar o mundo, isto é, o mundo ao nosso redor:melhorando-nos.

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    6. Que os dilemas fazem parte da vida sim, mas, fazer algo para melhorar o mundo não vejo como. Digo porque: Jesus veio ao mundo com essa missão, só herdamos a esperança. Noé levou 120 anos fazendo a barca. a Bíblia diz que cada martelada na barca significava uma palavra de alerta. E só entrou na barca as 7 pessoas. Tenho dó de Noé ,coitado!!. Melhorar-nos, depende do auto-domínio que não é tão fácil, mas é possível; mas o mundo ao redor, o leão está rugindo!

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    7. Tenho observado que quando mudamos o mundo ao redor muda.

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    8. Não tive oportunidade de observar tal mistério.

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    9. Este comentário foi removido pelo autor.

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    10. Não é mistério, amigo. É algo constatável. Conheço pais que recuperaram filhos dependentes químicos mudando a forma de ser e lidar com o problema.

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  2. Agora já sei o que vou responder pros Testemunhas de Jeová quando virem com o discurso de não votarem, não doarem sangue, não blábláblá:
    Vou recitar essa sua poesia!

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    1. Nossa intenção não é atacar a crença de quem quer que seja. Queremos apenas debater ideias. Minhas ideias são posta aqui para serem debatidas, questionadas. Não estou dogmatizando.

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