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domingo, 1 de dezembro de 2013

O PECADO QUE SE AGARRA EM NÓS



O apóstolo Paulo, preocupado, com o desenvolvimento daqueles a quem pregou  o Evangelho escreveu muitos conselhos sobre como conduzir-se na vida cristã. Um desses conselhos foi dirigido à comunidade dos hebreus (Hb12:1). Ele apela para que procurassem se desembaraçar "do pecado que se nos apega”, segundo uma versão bíblica, ou “que tenazmente nos assedia", “pecado que tão de perto nos rodeia” ou, ainda, “pecado que se agarra firmemente em nós”, segundo outras versões.
O que é desembaraçar do peso do pecado ou livrar-se do pecado que nos assedia?
Poderíamos trabalhar aqui com duas concepções de pecado.
Em primeiro lugar podemos pensar no pecado como um ato praticado intencionalmente. Um erro que se sabia de antemão que traria desconforto aos outros ou prejuízos às instituições.
O desinteresse pela justiça, a falta de preocupação com a equidade, o corporativismo exacerbado, a falta de ética no trabalho e a ausência de compromisso com o bem comum, são exemplos de falha na constituição do caráter, portanto, pecado, na concepção cristã. Esse pecado realmente nos rodeia de perto porque habita em nós.
É o pecado da maldade que o cristão deveria abandonar tão logo Cristo começasse produzir efeito em sua via, tão logo a religião começasse produzir a sua influência.
Deixar de ser fofoqueiro, por exemplo,  é deixar de  ser mau caráter. Abandonar as trapaças e tornar-se cidadão é corrigir a rota da vida, é desembaraçar-se do pecado. Do mesmo modo, deixar de lado a bajulação como modo de vida, abandonar o uso indevido de drogas, fugir da pratica da chantagem, aprender a agir com honestidade e disposição para cooperação é desembaraçar-se do pecado como falha do caráter.
Ha uma segunda concepção de pecado: a condição humana. Os percalços da vida que nos irrita e produz estresse. As situações de trabalho ou relacionais que trazem desgaste e produzem conflitos internos e externos. As diversas vezes que nos indispomos com alguém porque nossos interesses, embora nobres, são conflitantes; porque nosso entendimento da situação aponta para o sentido oposto ao do outro.
Quando defendemos uma ideia com a melhor das intenções, mas ela não interessa ao outros se instala um conflito provocado por nós (ou pelo outro) sem intenção de prejudicar ou de ferir. É o pecado como condição de vida, decorrente das nossas condições  de existência.
Nossa experiência de vida nos conduz para entendimentos particulares  muitas vezes e, outras  vezes, nos induz a julgamentos incorretos, nos incapacita para tomar decisões menos drásticas. Em alguns momentos ela nos predispõe à intolerância bem como a certos comportamentos e a irritações desnecessárias.
Nesses casos, desembaraçar-se do pecado é aceitar o perdão, se livrar do peso da culpa, aliviar a consciência culpada e avançar para o crescimento como pessoa e como profissional. Esses são os pecados ou as oportunidades que põem em prova a nossa formação ética e profissional, nossa capacidade de decidir. Eles nos provam, nos desafiam.
O apóstolo Paulo, ao apontar para o crescimento do cristão, tem em mente a necessidade de desvencilhar-se dos defeitos de caráter e também do sentimento de culpa decorrente de erros, não intencionais, cometidos.
Penso que é a esse processo de cura da  "alma" ferida e de correção do caráter que ele chama de desembaraço "do pecado que tenazmente nos assedia".
 Antonio Sales     profesales@hotmail.com
Dourados, 30 de novembro de 2013.

 
 
 

5 comentários:

  1. Vejo tais pecados por outro ângulo. Nascemos com eles, são hereditários, são heranças que nossos primeiros pais nos passou. E assim sendo na maioria das vezes os esforços para desarraigá-los são fracassados. É triste assim dizer mas é verdade.

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  2. Se você se refere aos pecados como atos intencionalmente praticados gostaria de deixar com você as seguintes questões:
    Isso significa que não temos controle sobre nosso caráter? Sendo assim, então não somos responsáveis pelos nossos atos? Somo predestinados para pecar?
    Se você se refere ao contexto perverso a que somos submetidos, então, devo concordar que nem sempre temos controle sobre ele, embora por vezes a dificuldade seja provocada por nós, pelo nosso modo de ser.

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  3. Se somos herdeiros do pecado, porque não predestinado, se existe perdão e desculpas, é porque não somos 100 por % responsáveis, existe uma certa porcentagem fora do nosso controle.

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  4. Penso que responsáveis seremos sempre. Culpados, nem sempre. O perdão e a desculpa, no meu entender, não nos isentam de responsabilidade, apenas dizem que o perdoador admitiu que não temos culpa, isto é, não tivemos má intenção.
    Penso assim.

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  5. Segundo as Escrituras Deus compromissou Adão e Eva por todas as mazelas existentes, porque sentirmos avalistas de tais? Herdeiros sim, responsáveis não. Devemos lutarmos para não cometermos "culpas", podemos evitar de muitas. Entendo assim.

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