Hoje
troquei "dois dedos de prosa" com um psiquiatra evangélico. Iniciei a
conversa falando sobre a atual condição humana, suas dores difusas, suas
incertezas, seu estresse provocado pela falta de tempo para "manipular"
e "digerir" tanta informação.
Ele discorreu rapidamente sobre diagnósticos e terapias praticados atualmente. Citou o modelo americano de
diagnóstico e terapia que vem exercendo influência no mundo psiquiátrico. Falou
sobre problemas comportamentais presentes na sociedade, que são provocados por
uma educação doméstica mal conduzida, e que tornam o sujeito inapto para a vida
social.
Falou
ainda sobre os dilemas pessoais, familiares e "religiosos" existentes
na atualidade e destacou um fato que ainda
não tinha me dado conta. A sociedade americana se mantém unida graças aos
inimigos. Quando o patriotismo começa a arrefecer e as discórdias internam se
tornam uma ameaça, aparece um inimigo (pessoa, sistema ou coisa) que os une
novamente em defesa da pátria ou do sistema americano. Temos como exemplos recentes: Kadafi, bin
Laden, Sadan Hussein, Vietnã, Talibã, al-Qaeda, etc.
São
inimigos reais do sistema americano, da democracia, enfim do estilo de vida
ocidental. Inimigos que precisam ser
combatidos e a sociedade americana se une para combatê-los.
A essas
alturas intervi dizendo que as igrejas também criam inimigos para unir os seus
membros, mas ele corrigiu: não temos inimigos, criamos inimizades.
Inimigo é uma pessoa, uma coisa ou um sistema que ameaça ( a saúde, a nossa família, a pátria, a nossa crença, a propriedade, a economia, etc.) o nosso bem-estar, a nossa segurança.
Inimigo é uma pessoa, uma coisa ou um sistema que ameaça ( a saúde, a nossa família, a pátria, a nossa crença, a propriedade, a economia, etc.) o nosso bem-estar, a nossa segurança.
As
igrejas no Brasil não têm inimigos, por isso elegem inimizades. Atualmente
o catolicismo já não é mais uma ameaça
aos evangélicos, mas ainda é atacado por esses como forma de dizer que os seu
membros fizeram um boa escolha em migrar para a nova religião. O espiritismo, em
todas as suas formas de culto, em nada impede a propagação do evangelho ou a
expansão do cristianismo. No entanto, recebe ataques severos por parte de
pregadores evangélicos. Não são inimigos, são inimizades que criamos.
Em
algumas igrejas tradicionais, a moda é demonizada como um inimigo fatal. O que
se observa, porém, é que a moda continua a sua marcha, a igreja prossegue com o
seu culto e a família mantém o seu ritmo. Isto é, um não interfere no outro,
mas o ataque persiste em comunidades mais carentes intelectualmente. Os ignorantes
e os que se sentem incapazes de lidar com as diferenças, continuam atacando a
moda, o "mundo", a ciência, a música, etc.
As
inimizades unem os evangélicos de uma certa denominação. Unem-se para combater
esses "inimigos", dragões hipotéticos, que ameaçam a
"existência" (isto é, o estado de ignorância) das igrejas. Abrir os
olhos para enxergar a não existência de perigo, é admitir ter aprendido e
vivido uma falsidade e isso é doloroso.
Mas o
psiquiatra concluiu a sua fala dizendo que o que realmente vem mantendo unido
os membros de uma igreja são dois sentimentos: o medo e o sentimento de culpa.
O sentimento de culpa carrega em si um pouco de amor e um pouco de ódio. O amor leva-os a dedicarem um pouco de atenção ao outro e o ódio, por sua vez, produz um novo sentimento de culpa e com isso o ciclo é alimentado e a união se mantém.
O outro sentimento, que os une, é o medo. Medo dos inimigos fictícios fabricados pelos pregadores. Inimigos que, por serem simples inimizades, não podem ser atacados diretamente, não podem ser denunciados ao Estado ou acionados judicialmente, portanto, imbatíveis e que continuarão a alimentar o medo. É dessa forma que nos unimos, é dessa forma que a igreja se mantém, é dessa forma que continuamos participando dos cultos e próximos uns dos outros.
O sentimento de culpa carrega em si um pouco de amor e um pouco de ódio. O amor leva-os a dedicarem um pouco de atenção ao outro e o ódio, por sua vez, produz um novo sentimento de culpa e com isso o ciclo é alimentado e a união se mantém.
O outro sentimento, que os une, é o medo. Medo dos inimigos fictícios fabricados pelos pregadores. Inimigos que, por serem simples inimizades, não podem ser atacados diretamente, não podem ser denunciados ao Estado ou acionados judicialmente, portanto, imbatíveis e que continuarão a alimentar o medo. É dessa forma que nos unimos, é dessa forma que a igreja se mantém, é dessa forma que continuamos participando dos cultos e próximos uns dos outros.
Antonio
Sales profesales@hotmail.com
Campo
Grande, 30 de agosto de 2014.
Mas com certeza, no meu modo de pensar e melhor errar por excesso de zelo com a palavra de Deus. Pois como deve ser terrivel descobrir que por causa dos prazeres do mundo estavamos lutando contra Deus, e pior ainda e que quando descobrirmos talves a porta da graca ja esteja fechada e seja tarde demais para voltar atras. Li uma vez um pequeno trecho de um livro que dizia assim: Sabe qual é a tragedia da religiao? Nós, seres humanos,substituimos a vida interior por exterioridades. Estamos mais preocupados com as coisas que se vêem,com as formalidades, com a parte exterior da religiao. Vivemos a vida toda tentando ser bons. Lutamos uma vez e outra e nunca conseguimos. Ai ficamos frustrados e pensamos que o cristianismo não dá certo. "Nao é para mim". Li este trechinho num livrinho de bolso chamado "volte para casa filho". Nilton Gama
ResponderExcluirOlá Nilton
ResponderExcluirObrigado por ter contribuído com a sua reflexão.
Penso que "pecar por excesso de zelo" é tão perigoso quanto "pecar por falta de zelo".
Imagino que para Deus só há uma da volta ser muito tarde: não voltar. A graça de Deus só não atinge os que não querem ser atingidos, e nunca estará disponível aos que se recusam em aceitá-la.
Penso que não precisamos lutar para sermos bons, porque ser bom ão é uma competição com o outro, mas consigo mesmo. É compreender que é possível respeitar sem perder a dignidade , socorrer sem se ferir, dizer "não", quando necessário, sem ser rude e sem supor que o outro está nos testando ou querendo o nosso mal.
Abraços