Escrevi há poucos dias um texto sobre o tema. Está neste mesmo espaço.
Sei que o texto foi bem aceito por alguns e criticado por outros. A principal crítica que recebi veio da milha filha. Ela discordou da minha conclusão. Segundo ela quem deveria receber os cumprimentos deveria ser a mulher que consegue se manter, isto é, trabalhar, estudar, ajudar na casa e ainda manter os custos (financeiros, emocionais e físicos) da beleza exterior. A conclusão deveria ser: parabéns para ela.
Concordo com ela. Penso que minha conclusão (cumprimentar o marido e não a mulher) talvez tenha sido resultado de um cochilo. Na realidade deve ter uma razão para eu cumprimentá-lo. Não devo ter escrito isso gratuitamente, mas não consigo lembrar o que me levou a cumprimentar o homem por ter uma mulher bonita de graça. De qualquer forma, ainda que eu venha me lembrar e possa justificar o que escrevi, ela tem razão. Na melhor das hipóteses ela e o marido teriam que ser cumprimentados. Ela pela conquista e ele pelo privilégio. O equívoco talvez não tenha sido em cumprimentá-lo mas na forma de fazer e na omissão de incluí-la.
Penso que um marido nessa condição é um privilegiado e não pode esquecer que o privilégio tem também o seu preço. Não posso dizer qual é esse preço uma vez que cada casal vive experiências diferentes, tem crises existenciais (no matrimônio) por motivos diferentes, problemas relacionais provindos de fontes diferentes. De qualquer forma, nada é de graça, exceto a salvação. Ela paga o preço de manter-se bela e ele deverá, no mínimo, pagar o preço de não atrapalhar as conquistas dela.
Saber reconhecer o valor de alguém que convive conosco diariamente e que, por vezes, nos irrita com suas exigências, não é fácil. Sou um observador dos relacionamentos familiares. Desde muito tenho me mantido disfarçadamente atento ao trato que um confere ao outro e tenho percebido casais que não se suportam, que há maridos que não suportam ouvir a esposa, embora ela mantenha uma aparência impecável, esteja sempre bem “polida”. Percebo que há mulheres que investem muito do seu salário em “polimentos” tentando conquistar a afeição do marido, sem resultado.
Há maridos que gostariam apenas que não fossem tão vigados, que não fossem tão cobrados de coisas que ele não pode dar. Muitos homens não foram ensinados a dar afeto e custam muito aprender isso.
Não sendo conselheiro matrimonial não tenho acesso aos meandros da vida a dois a não ser por algumas poucas leituras na área, mas esse é um assunto que me preocupa. Penso que falta tolerância, respeito mútuo e disposição para o diálogo entre os casais.
Quando falo em tolerância falo em admitir que o outro tenha necessidades diferentes das minhas, que se deve ser franco quando algo está nos incomodando, saber que quando o outro reclama ele está (ou deveria estar) reclamando do meu comportamento e não de mim, saber que respeitar o outro inclui o não ficar simplesmente repetindo o que o irrita (ou condenando o seu comportamento) sem abrir espaço para que ele expresse a causa da sua irritação (ou explique porque age daquela forma).
De uma coisa estou plenamente convicto: a vida a dois tem também os seus custos.
Campo Grande, 25 de janeiro de 2012.
Antonio Sales profesales@hotmail.com
Blogueiro.
ResponderExcluirHá quatro ou cinco postagens suas, percebo haver um certo padrão temático (mulheres e relacionados)
Sou um tipo estranho de leitor que gosta de examinar os padrões dos escritores e lendo os teus textos observei o tal ocorrido.
É mera coincidência, ou "há algo a mais" por trás deste padrão?
Olá amigo.
ResponderExcluirPrimeiramente, obrigado por participar. Em segundo lugar temos uma coisa em comum: também gosto de observar padrões.
Sou o tipo que escreve por tema. Não tenho preferência por um tema específico, a escolha depende de alguma “provocação”. Há temas que dão mais o que “falar”. Nesses demoro um pouco mais. Em outros, apenas tangencio.
Aguardo a sua opinião sobre o conteúdo e alguma “provocação”.