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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Por que ir á igreja ?-III

Nos textos anteriores afirmamos que o objetivo de ir a  igreja não está centrado apenas na adoração. Deus pode ser adorado em outro lugar desde que seja feito em espírito e em verdade. Propusemos então outros dois objetivos:
O primeiro deles é aprender a viver a religião porque, como afirmou Robinet (2004), religião é um comportamento coletivo. Quando se fala em viver a religião fala-se em  um viver não só para a igreja, mas para a família e para a sociedade. A igreja, nessa perspectiva, seria uma escola onde se ensinaria também ética, moral e relacionamentos (comunicação, tolerância, enfrentamento de problemas, projetos pessoais, leitura, diálogo, atividades sociais e manuais, etc.).
O segundo motivo para ir à igreja seria a comunhão com os irmãos. A igreja seria o lugar da tolerância, da acolhida carinhosa aos frágeis, do perdão, do aconselhamento, do sorriso espontâneo, do abraço afetuoso. Um oásis no deserto (correria, atritos, conflitos, desprezos, fadigas) da vida semanal. Um lugar onde o preconceito seria mínimo, a competição quase nula e a vida em comunidade seria um crescente.
Um terceiro motivo é apontado por Yancey (2010 ). Para esse autor a igreja é um lugar de “olhar para cima”. Olhar  para cima é olhar para Deus.
Deus pode ser adorado em outro lugar: em casa, no trabalho ou no escritório. No entanto, considerando que na igreja se reúnem pessoas que partilham da mesma fé sinto-me mais a vontade para falar com Deus, para me ajoelhar diante dele, para cantar louvores e para falar Dele. Então vou ä igreja também para olhar para Deus.
Ali posso desligar-me do exímio cantor que está à minha frente, do coral que exibe suas melodiosas vozes, do irmão que canta desafinado ao meu lado, do pregador  que discorre sobre algo que não é do meu interesse naquele momento  e concentrar-me em Deus. Ajoelhar-me  em meio a esse burburinho todo e “olhar” somente para Ele. Dedicar alguns momentos para estar a “sós” com Ele testemunhando, perante muitos,  a minha intimidade com o Supremo.
Na igreja posso ver a Deus em Sua magnitude. Contemplar a  Sua “grandeza de alma”, a saber, ver como Ele tolera um pregador que, às vezes,  fala o que não deve em Seu nome; ver como Ele pode sorrir para o jovem que chegou contrariado porque os pais o forçaram a vir; como Ele pode aceitar, ao mesmo tempo, a adoração de um intelectual e de um semianalfabeto. Como Ele pode Se alegrar com o louvor de um exímio instrumentista e ao mesmo tempo com o louvor de um aprendiz. Posso ver como contempla com a mesma benevolência a dama que exibe uma bolsa de quinhentos reais e a “irmãzinha” que  traz apenas um porta-níquel. Como ele aceita a oferta de mil reais do próspero empresário e abençoa, igualmente, aquele que doou apenas  um real.
Como Ele consegue administrar com tranquilidade uma comunidade tranquila que se reúne naquele horário para adorá-Lo e, ao mesmo tempo, cuidar da movimentada cidade que se agita ao  redor da igreja, porque a vida não para enquanto eu adoro. Como Ele pode estar ao meu lado naquele momento de oração  e também no centro cirúrgico onde uma vida corre riscos.
Ali na igreja posso  vislumbrar a sensibilidade de Deus quando uma irmã, com carinho e bom gosto, enfeita o local de culto. Ter evidências do Seu sorriso benevolente quando jovens de diferente etnias, classes sociais e gêneros se unem para coordenar o louvor congregacional.  Enfim, por tudo isso, é possível ver a manifestação da Sua bondade e justiça (Amós 5:24).
Ali na Igreja posso estar quieto e ouvi-Lo dizer: “Aquietai-vos e sabei que Eu Sou Deus”. Sal 46:10
Será que numa igreja como essa (veja os artigos I e II)  alguém chegaria, frequentemente, atrasado?
ROBINET, Jean-François. O tempo e o pensamento. São Paulo: Paulus, 2004.
YANCEY, Philip. Igreja: por que me importar? São Paulo: Vida Nova, 2010.
Campo Grande, 01/09/2011
Antonio Sales                                profesales@hotmail.com

2 comentários:

  1. Realmente a igreja que frequentamos esta muito longe do ideal para o qual foi criada.

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  2. Há muito por ser feito, mas algumas já dão sinais de mudança.

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