Insistimos que o objetivo de ir à igreja não está centrado apenas na adoração a Deus, porque não acreditamos em um Deus que vive de adoração. Quero dizer um Deus que necessita ser adorado para sentir-se útil, sentir-se bem e para ter disposição para atuar em favor dos seres humanos.
Se um ser humano que necessita ser bajulado não nos deixa boa impressão, não nos causa prazer em conviver com ele, o que dizer de um Deus que quer ver todo mundo de joelhos na Sua presença?
É confortável pensar em um Deus assim? Jesus disse que Ele pode ser adorado em qualquer lugar desde que seja feito em espírito e em verdade? Está aí algo para se pensar.
Por hoje vamos considerar outros aspectos da finalidade de se ir igreja. Já falamos em aprender a viver a religião (inclusive adorar a Deus em espírito e em verdade). Também já falamos na convivência, na igreja como local de praticar a tolerância, o afeto, o diálogo e o encontro de irmãos.
Já falamos de “olhar para cima”. Dissemos que a igreja nos proporciona essa oportunidade de ter outra visão de Deus.
Mas ainda é Yancey (2010) quem nos diz que devemos ir igreja para olhar para dentro, para nós mesmos.
Precisamos de parâmetros para ver a nossa verdadeira dimensão. Precisamos nos avaliar, mas avaliar é medir e medir é comparar.
Há três formas de medir ou de comparar. Uma delas é comparar um objeto com ele mesmo. Por exemplo: como estava antes e como está agora. Outra forma é comparar com as medidas padronizadas (metro, litro, quilograma, volume). Medimos os objetos comprando-os com o padrão. Por exemplo: Se nos disserem que determinado recipiente de formato exótico tem capacidade para cinco litros já conseguimos imaginar a quantidade de líquido que ele comporta porque comparamos com os vasilhames de um litro que conhecemos.
Porém, nem sempre medimos com unidades padronizadas. Por exemplo, para dizer se algo como mais alto que, mais baixo que, melhor que, maior que ou menor que temos que levar em conta o contexto em que o objeto está inserido. Portanto, pode-se medir pelo contexto.
Uma razão para eu ir igreja é avaliar-me. Preciso ser avaliado frequentemente. Para isso posso comparar-me comigo mesmo, o antes com o depois de certa convivência, ou uma experiência qualquer. É uma medida extremamente subjetiva embora muito útil. Quando os pitagóricos resolveram medir a diagonal do quadrado pelo lado do próprio quadrado se depararam com os números irracionais. Uma grande descoberta, mas que os deixou embaraçados por muito tempo. Isso significa dizer que medir-se com base em si mesmo, em seu próprio progresso, pode não fornecer um parâmetro exato. Isso significa que não podemos descartar essa medida, mas é bom adotar também outras formas.
Posso me avaliar também pelo padrão que ao contrário do quer muita gente pensa não é Jesus Cristo. Pela Sua característica especial, pela Sua ligação direta com a divindade, Ele se torna um padrão elevado demais para o ser humano. Considero uma covardia comparar o ser humano com Jesus Cristo. Tanta covardia quanto escalar crianças de dois anos para compor um time de futebol, jogar contra um time composto por jogadores do porte de Pelé e esperar empate.
Por ser humano devo avaliar-me e avaliar meu entendimento da vida e da religião por algum modelo humano, por algo ditado por uma instituição humana. Quando vou à igreja para me avaliar pelo padrão estou pensando na lição bíblica (lição da Escola Sabatina ou Dominical). Ela, supostamente, está em conformidade com a crença institucionalizada e a instituição religiosa dita as regras do viver dos seus adeptos.
Essa lição é o padrão desde que o professor tenha captado a mensagem do autor ou da instituição e consiga produzir reflexões a partir dessa mensagem. Se o professor não acompanhar o raciocínio do autor e continuar fazendo o mesmo discurso que vem repetindo há décadas então essa lição deixa de ser um padrão para ser mais um disparate. Uma perda de tempo.
Supondo um contexto ideal (um professor preparado e coerente), então vou à igreja para avaliar os meus conhecimentos sobre a vida religiosa e para ver como está o meu progresso vivencial em relação ao padrão proposto pela instituição.
Uma terceira forma de avaliar é pelo contexto. Na igreja vejo como as famílias se relacionam internamente, como se respeitam (ou não), como os jovens que não são meus filhos estão sendo conduzidos. Posso ver como as esposas estão sendo tratadas e verificar se estão felizes assim. Alguns sermões são bem elaborados e fornecem informações úteis sobre relacionamentos familiares que permitem minha autoavaliação. Vejo como as pessoas gostam de ser tratadas pelos amigos e avalio a minha forma de tratar as pessoas a partir dessa indicação, vejo o entusiasmo com que um irmão canta, mesmo que desafinado, e avalio o meu louvor. Ouço os testemunhos de fé de algum irmão e avalio como vai a minha relação com Deus.
Enfim, o leitor já percebeu como o contexto da igreja permite a minha autovaliação. Por esses elementos vejo se estou “alto” ou “baixo”, além ou aquém do esperado.
Esta é a quarta razão para ir igreja: olhar para mim mesmo através do espelho da comunidade a qual pertenço.
YANCEY, Philip. Igreja: por que me importar? São Paulo: Vida Nova, 2010.
Nova Andradina, 07/09/2011
Creio que o
ResponderExcluirfruto do espírito ajuda muito na auto avaliaçao.
Sem dúvida, Agostinho.
ResponderExcluirA minha pergunta seria: Preciso me auto avaliar? Preciso me comparar com alguma coisa pra atingir outra? Penso que a melhor forma de me auto avaliar é através de minhas ações. Não precisamos mais ficar preocupados com a religião vertical, pois já tá tudo resolvido na cruz. Agora a religião horizontal ( relacionamento com meu próximo)essa sim é preocupante. Menos sermões sobre salvação e mais sobre respeito, tolerância, civismo, ecologia, caridade.
ResponderExcluirAbraço professor..
Olá Anderson.
ResponderExcluirÉ claro que podemos ter opiniões divergentes e ainda assim nos entedermos e sermos bons amigos.
Penso que precisamos nos avaliar através da comparação, sim. Auatoavaliar pela ações é se autocomparar e há muito mais subjetividade nessa avaliação do que nas outras.Entendo que, como vivo em comunidade, preciso me comparar com os outros.
Não estou propondo que se deva ficar prestando conta aos outros, que não se tenha opinião própria ou que não se ouse, mas que em se tratando de relacionamentos não posso divergir muito para não ficar isolado. Não posso ser contra todos.
Tenho que descobir alguém da comunidade com quem me sinta bem conversar, partilhar ideias.
Com relação à religião vertical estamos de pleno acordo. Me avaliei por você.