O apóstolo Paulo anuncia a Cristo como o único
Mediador entre Deus e o homem (1Tm 2:5).
Uma leitura superficial
do texto bíblico deixa a impressão de que se trata de um texto de fácil
compreensão, de uma expressão óbvia do apóstolo.
Mas, o que faz um
mediador? Intermedia conflitos. Se for somente essa a sua função então o apóstolo
nos fala de um Deus que tem intriga contra nós, ou está insatisfeito com a nossa
performance e disposto a se afastar definitivamente de nós, e Jesus atuando de modo
a evitar que saiamos perdendo. Ele acalma a Deus ou nos melhora.
Suponho que não seja
esse o pensamento de Paulo porque o apóstolo vê a Deus como misericordioso,
disposto a perdoar. Um Deus tolerante diante da fragilidade humana.
Nesse caso, o que seria
ser mediador? Qual a atividade de Cristo como Mediador?
Quem me ajudou entender
essa afirmação de Paulo foi Yancey (2004).
Quando o escritor citado fala da “Cortina Rasgada” (p. 126) ele traz,
indiretamente, à tona a questão da mediação de Cristo.
Para entender Paulo
vamos contextualizar, e para isso retomemos a história do povo judeu.
No Monte Sinai, Deus mostrou
a Sua força fazendo o monte fumegar e afugentando a todos que se aproximavam
dele. No Santuário havia um lugar “Santíssimo” que somente o sacerdote maior
(sumo-sacerdote ou sacerdote-chefe) podia entra uma vez por ano depois de um
longo preparo pessoal. Nessas circunstâncias Deus estava próximo de alguns e
distante de todos. Uzá ao tocar na arca foi “fulminado” porque a ira de Deus se
“acendeu” contra ele (embora possamos discordar que tenha corrido exatamente
dessa maneira é assim que está registrado em 2Sm 6:7).
Quando olhamos para o
Jesus dos Evangelhos encontramo-Lo dizendo: “quem vê a mim, vê o Pai” (Jo
14:9), “vós orareis assim: Pai Nosso” (Mt 6:9), “o Pai está em mim” (Jo 14:10)
e “Eu e o Pai somos um”( Jo
10:30).
Esse mesmo Jesus abençoou uma mulher “imunda” que tocou em sua veste (Mt
9:21-23) e lhe disse “a tua fé te salvou”, isto é, atua coragem em tocar em
Deus foi a sua salvação. Paulo mesmo afirma: “Cheguemo-nos, pois, com
confiança, ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar
graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno” (Hb 4:16).
Paulo fala de confiança em Deus, de disposição divina em nos acatar e
aceitar o nosso toque. Tudo isso ele aprendeu de Jesus, isto é, Jesus mudou a “cara”
de Deus. Ele deu uma nova dimensão ao retrato que os judeus faziam de Deus, fez
uma nova interpretação dessa relação. Para não deixar dúvidas, na hora da Sua
morte, o “véu do tempo se rasgou”(Mt 27:51), isto é, escancarou o segredo dos
judeus sobre Deus. Revelou a face do divino em toda a sua plenitude.
O Deus cultuado pelos judeus era um Deus aprendido “dos gregos que era
perfeito, atemporal, incorruptível” que jamais conseguiu se aproximar de
uma pessoa com desejos sexuais, que, por vezes, cai, sente ódio, cobiça, perde
a paciência e tem falta de disciplina. O Deus apresentado por Jesus era santo,
mas não intocável; era puro, mas não segregado; era justo, mas não cruel e
intolerante; era altíssimo, mas não distante; onisciente, mas não espreitador.
O Deus de Jesus aceita ser tocado, aceita aproximação, tolera a imperfeição
humana e se empenha por socorrer os que O buscam.
O papel de Jesus, como mediador, não é implorar misericórdia ao Pai em
favor do homem. Não é interceder junto a Deus para que não sejamos punidos, mas
interceder junto ao homem para que tenhamos coragem (ousadia) de nos aproximar
de Deus.
Dessa forma Jesus foi o mediador não como negociador ou apaziguador, mas
como esclarecedor, incentivador da aproximação humana, desvelador de um
mistério, recepcionista que abre a porta e dá boas vindas. Isto é, mediador no sentido de
nos fazer entender a Deus, de tirar a “máscara” divina colocada pelos homens.
Ele revelou a Deus e essa foi a Sua mediação.
Antonio Sales profesales@hotmail.com
Nova Andradina, 1º de junho de
2013.
YANCEY,
Philip. Decepcionado com Deus.
11.ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2004.
Tenho provado da intimidade com Deus, atravéz de Jesus ele é muito próximo de todos nós: Obrigado Jesus!
ResponderExcluirParabéns, Maristela
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