Passou o Natal, mas continuemos pensando no fatos relacionados à Sua Vida.
No texto anterior, falando sobre Nazaré, focalizei a tolerância (não permissividade), no trato com as pessoas, como elemento fundamental para permitir as manifestações divinas. Enfatizei que o radicalismo é um obstáculo ao progresso humano em todos os aspectos.
Agora continuo com a lição bíblica que mencionei (nº 5 de 2/2/2008), onde aprendi mais algumas lições sobre a nada pacífica relação entre homem e mulher.
O preconceito masculino trouxe sérios problemas, inclusive para os homens.
O autor da lição, citando fontes, dizia que a “atitude da sociedade para com as mulheres naquele tempo não era nada saudável”. Em seguida cita a frase encontrada no livro de Eclesiástico: “Melhor ser a maldade de um homem que uma mulher que faz bem”.
Com base nessas informações comecei imaginar a dor de cabeça que as mulheres trouxeram a Jesus. Desculpem-me, mulheres! A frase foi infeliz. O correto seria: os homens causaram dor de cabeça a Jesus por causa das mulheres que O seguiam.
Esses “seres” que possuíam toda sorte de infortúnio estavam seguindo a Jesus e isso desmerecia o trabalho Dele. Vejam só: eram mulheres e, além disso, algumas eram prostitutas, endemoninhadas, viúvas e até a mulher de um publicano (Joana, mulher de Cuza) Luc. 8:3.
Que dignidade tinha um homem que aceitava “seres” como esses entre seus discípulos? Qual o futuro que se poderia prever para o Seu projeto? Como os homens (os seres nobres da sociedade) poderiam aderir a um mestre com esse perfil?
Tenho que pedir às minhas queridas irmãs que não se zanguem comigo. Estou expressando o pensamento de um homem do primeiro século (e de alguns trogloditas de hoje), mas já se pode imaginar que não partilho do pensamento deles. Aprendi até aqui algumas importantes lições:
Primeira lição: as mulheres “evoluíram”. Hoje elas aprendem Física, Matemática e Medicina; administram, advogam e julgam com eficiência; ensinam, cuidam e se projetam como qualquer outra pessoa. Por que será que naquele tempo não aprendiam nem a Torá? Essa pergunta pode ser formulada de outro modo: por que será que uma criança, cuja mãe não lhe dá alimento, fica desnutrida?
A segunda lição que aprendi é que o preconceito não tem nenhuma razão lógica para a sua existência. Ele é simplesmente uma estupidez. O preconceito dos homens contra s mulheres atesta que nós, masculinos, tínhamos medo delas. Temíamos que elas ocupassem o nosso lugar.
A terceira lição é que a tradição (melhor dizendo, o apego incondicional à tradição) é um obstáculo ao progresso. A tradição do primeiro século colocava a mulher na condição de um “objeto de cama e mesa”. Elas incorporaram essa idéia e passaram séculos desempenhando apenas esse papel. Todos nós perdemos com isso.
Na missão de Jesus havia espaço para as mulheres porque Ele não tinha cama e nem mesa, somente trabalho. E o trabalho não era de apenas limpar a casa porque Ele não tinha casa. O Mestre rompeu com a tradição e as “contratou” para outro trabalho.
Ele apostou nelas e não se decepcionou.
Esclareço que não considero o trabalho de limpar a casa como menos digno. Apenas estou querendo dizer que Jesus entendeu que a mulher podia fazer mais do que isso; que ela tinha competência para sair da rotina.
Quarta lição: Em muitos casos a solução de um problema está em romper com a tradição. As mulheres que romperam com a tradição encontraram o Salvador enquanto os homens, os que se mantiveram apegados a ela, rejeitaram o Messias.
Quinta lição: Romper com a tradição, às vezes, custa caro. O Mestre dos mestres deve ter sido alvo de chacotas por ter mulheres no seu grupo de seguidores, por dar voz a elas. Ele, no entanto, seguiu em frente. Sabia a que tinha vindo. Sua missão incluía apontar aos homens os seus equívocos e não mediu esforços nesse sentido.
Sexta lição: Se Jesus viesse hoje teria problemas semelhantes conosco. Talvez não implicássemos que mulheres O seguissem, mas, com certeza, desprezaríamos o Seu trabalho se algum cantor ou grupo, não tradicional, cantasse uma música não clássica em um dos seus sermões.
Será que ainda há mais o que aprender?
Campo Grande, agosto de 2008 (revisado em 16/12/2011) e postado em 29.12.2011 em Santa Cruz de La Sierra
Antonio Sales profesales@hotmail.com