De vez em quando recebo mensagens de autoajuda via e-mail. Leio poucas. Talvez uns 10% delas, ou menos ainda. Algumas são reflexivas, desafiam o intelecto. Percebe-se isso logo na introdução. Delicio-me com elas.
Outras são banais. Autoajuda vazia. São como fazer uma refeição somente com arroz polido. Só tem carboidrato, fonte de energia instantânea . É pobre em proteína, elemento importante na reconstrução dos tecidos. Mensagens desse tipo não reconstroem a autoestima, não curam feridas, não orientam o viver.
O arroz polido é pobre em vitaminas, os elementos reguladores do organismo. Mensagens desse tipo não ensinam como se relacionar, não apresentam algo factível. Ficam naquela repetição monótona de que você é importante, que você pode, que é filho de Deus etc.
Recebi uma dessas recentemente. Veio de uma pessoa amiga e em consideração tomei tempo para ler. Em certo momento dizia assim: “se você tem paz e é feliz muitos terão inveja. Tenha paz e seja feliz assim mesmo”.
Parei a leitura nesse ponto e perguntei: sou feliz quando quero ou quando posso?
Se sou feliz precisa alguém me falar para continuar sendo feliz?
Não tenho dúvidas de que para ser feliz preciso querer, assim como para aprender preciso querer, para almoçar preciso querer, para amar preciso querer. Somente para pensar não preciso querer. Só o pensamento é espontâneo.
Muitas vezes penso no que não queria pensar. Não tenho muito controle sobre ele. Quando quero descartar um pensamento sobre algo que não devo pensar eu simplesmnete intensifico o meu pensamento sobre tal objeto até o pesnamento se recusar ser direcionado para ele. Venço o pensamento pela saturação. Quando acho que não devo pensar mais eu penso. Faço isso até cansar a “fonte” ou o motivo daquele pensamento.
Acho incrível quando alguém diz que não devemos pensar em determinada coisa.
Mas, e a felicidade? Penso que sou feliz quando posso e não quando quero. Queria ser feliz o tempo todo, mas não consigo ser feliz com fome. Não consigo ser feliz quando não posso ajudar um irmão que sofre. Não consigo ser feliz quando não consigo tirar alguém da ignorância ou fazê-lo aprender matemática. Não consigo ser feliz quando sinto ódio por alguém.
Dizem que querer é poder. Tenho dúvidas. É preciso querer e ter condições. Não adianta alguém querer almoçar se não tem como consegir o alimento. Alguns fatores externos devem ser favoráveis. Não é diferente com a felicidade.
Não creio que seja possível ser feliz sem liberdade de expressão, ao lado de quem não o respeita, trabalhando para alguém que não o valoriza, sorrindo para quem o odeia, suportanto (apenas por dever ou por falta de alternativa) quem o explora, não tendo com quem partilhar as ideias e os ideais.
Dessa forma concluo que não sou feliz quando quero, mas sim quando posso. E você?
Por outro lado, se sou feliz, precisa alguém em dizer para continuar feliz. Não bastaria não me atrapalhar?
Nova Andradina, 20 de novembro de 2011 ( domingo)
Antonio Sales profesales@hotmail.com
Sinceramente Sales, acho que pra tudo na vida temos que querer. E quando se quer algo, pelo menos pra mim, tem que ir até o fim, até a gente consiguir, independentemente das condições. Claro que para quem não tem condições será mais difícil atingir o objetivo mas nada é impossivel. Claro que falei isto na questão material, concreta, realista. Mas você colocou a felicidade que é uma "coisa" abstrata. Em relação à felicidade, eu acho que não somos capazes de sermos felizes aqui nesta terra, pois você pode perceber Sales, que podemos estar de bem no trabalho, na família mas sempre falta algo, nunca estamos completamente satisfeitos com o que temos, sempre queremos mais e continualmente achamos que o outro é que tem sorte... Pra mim somos capazes de estar de bem com a vida, mas não totalmente felizes, acho que isso será mérito das pessoas que escolheram seguir à Jesus.
ResponderExcluirPensando nisso Sales, você poderia fazer algum comentário sobre aquela profecia dos 144mil né, gostaria muito de saber sua opinião!
Estou acompanhando seu blog mesmo que eu não faça comentários viu.
Até a proxima.
Olá leitor amigo.
ResponderExcluirÉ certo que temos que querer, mas o querer não basta. Insisto que é preciso ter condições.
Independente da insatisfação humana, que se não for exagerada também é útil porque promove a busca,muitas situações de vida às quais somos submetidos não contribuem para a felicidade.
Pense em uma criança ou jovem que é vítima de bulling, por exemplo. Se tal situação não mudar essa pessoa dificilmente será feliz.
Nem sempre basta querer para sair de uma situação como essa. No passado ninguém conseguia sair. Hoje a sociedade permite que se saia dela. As condições são dadas, atualmente.
Será que é fácil ser feliz quando se tem um membro da família adicto de drogas? É fácil sair dessa situação?
Será que um pai ou mãe consegue dormir tranquilo e deixar "cair o mundo" na cabeça do adicto?
Bem leitor, amigo, sei que não respondi as suas indagações. Escapei pela tangente, mas de uma coisas estou certo: a vida é mais complexa do que parece.
Com relação aos 144.000 espero contar com a sua compreensão, mas não me sinto preparado para opinar sobre questões teológicas.
Abraços
O querer é poder quando move à ação.Mas concordo que nem tudo é tão fácil como parece ou está tão na cara como aparenta. Penso da mesma maneira quando analiso a afirmação muito corrente, notadamente entre palestrantes de sucesso, de que todos somos capazes de alcançar o sucesso, bastando para isso, querer. Ora, o alcançar o sucesso ou ser uma pessoa de sucesso não está condicionada apenas a uma variante.Existem várias e muitas delas dependentes de outras tantas pessoas, circunstâncias, meio social, cultural e até religioso.Portanto,o mais sensato é lutar sempre, mas desconfiando também das fórmulas.Vivemos em um mundo alterado pelo pecado e sujeito à potestades ainda com algum poder. Deus é maior, claro, mas ser feliz ou ser um vencedor será mesmo possível plena e totalmente, na Nova Terra. E que ela se nos apresente logo. Saudações cristãs, irmão.
ResponderExcluirObrigado Amigo Santiago.
ResponderExcluirO seu texto é esclarecedor.