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terça-feira, 15 de novembro de 2011

DE QUEM É A IGREJA?


A resposta imediata que se ouve para essa pergunta é: a igreja é de Deus.
No entanto, é um resposta simplista que não atende a determinadas necessidades. Vamos analisar alguns aspectos dessa complexa questão.
Se penso na igreja em termos de  idealização (quem a idealizou), de responsável máximo então é correto dizer  a que a igreja é de Deus.  Da mesma forma que é correto alguém dizer que o Brasil é da Presidente Dilma quando estiver se referindo a gestão, política, plano econômico, etc. Pode-se até dizer que o Brasil da Dilma é diferente do Brasil do Lula. E é mesmo, pensando no fatores citados.
Se penso em termos de existência, responsabilidade pelo funcionamento, na postura ética que cada um deve ter. Se estou preocupado com a produção de riqueza, com o gerenciamento de pequenas e grandes empresas  que integram a sociedade brasileira, então o Brasil não é da Presidente, ele é nosso. Da mesma forma a igreja. Quando penso no seu funcionamento, a igreja é nossa. Somos nós que a fazemos funcionar. Nós a mantemos com os nossos dízimos e ofertas. Mantemo-la com a nossa administração, nosso tempo, nossos conhecimentos, nossa divulgação, nossa fé, e assim por diante.
Se penso nas funções sociais  que uma igreja deveria desempenhar, nas contribuições que deveria trazer para a socialização das pessoas. Quando considero a ajuda para a superação da solidão das pessoas, as orientações que ela poderia transmitir sobre o viver saudável (não necessariamente ou inicamente saúde física), então vejo a igreja como uma instituição da sociedade. Ela foi criada a partir de uma necessidade  social.
Quando penso em questões escatológicas, batismo com o Espírito Santo, provisão de profetas, profecias e inspiração, a igreja é de Deus. Só Ele pode proporcionar tal direcionamento. Somente Ele pode decidir quando e como fazer certas coisas acontecerem.
Quando penso numa igreja que se envolve, que faz mais do que pregar. Uma igreja que leva orientação à famílias em crise, que apóia cidadãos desempregados, que orienta jovens para o mercado de trabalho, que estimula a leitura, que promove  a ousadia, então eu digo que a igreja aé nossa porque essa é uma atividade humana. Somente os seres humanos podem realizar tais tarefas.
Quando penso nas pessaos que virão à igreja em busca de apoio emocional. Quando penso nos jovens que virão à igreja porque aqui encontrarão orientação espiritual, intelectual e social. Quando penso nos solitários que virão à igreja porque aqui encontrarão uma palavra amiga, um sorriso, um tapinha nas costas, um abraço. Quando penso na vítima de violência que virá à igreja para curar-se emocionalmente e, ao mesmo tempo, aprender a se livrar do violentador. Quando penso no adicto que virá à igreja em busca de orientação e apoio para deixar a droga. Quando penso nos jovens que virão à igreja para cantar, compor corais e conjuntos, participar de reuniões de estudos (bíblicos ou não), sem serem molestados por velhos carrancudos e infelizes que infestam a igreja, então eu digo: a igreja é da sociedade. É da sociedade tanto quanto um restaurante que, sendo particular, abre as suas portas para todos que o procuram e procura atender as necessidade e anseios de todos eles. É as sociedade tanto quanto uma clínica, ou uma loja, que oferece produtos par ao bem-estar social.
Talvez seja pelo fato de dizermos sempre que a igreja é de Deus que se investe tão pouco no preparo de pregadores, que se estimula tão pouco a leitura, que se acolhe tão pouco as pessoas que chegam. Deve ser pelo fato de considerarmos a igreja como de Deus que não se investe no preparo das pessoas para liderá-la. Se ela é de Deus  deixemos por conta Dele essas coisas porque, se sair mal feito,  o problema é Dele.
Deveríamos falar em igreja de Deus na hora de falar  em milagres, derramamento do Espírito e  conversões. São tarefas divinas. Mas é exatamente nesse ponto que apelamos para  que as pessoas assumam a  responsabilidade por  tais tarefas. Quando deveríamos apelar para Deus sobrecarregamos as pessoas com a responsabilidade de resolver os problemas.
Poucas igrejas se veem como instituição social e deve ser por isso que se veem tão pouca mudança de vida nas pessoas. Elas vivem (vivem?) em um mundo à parte. Um mundo indefinido onde não se sabe se o cristianismo deve ser praticado para agradar a Deus ou para servir ao próximo.
O cristianismo é para ser vivido ou meditado? Se  a igreja é uma instituição social então ele é para ser vivido, praticado. Se a igreja é uma insituição espiritual então o cristianismo é para se meditado.
Deve ser meditado quando é um ideal, algo ainda não atingido. Deve ser praticado quando é real, quando faz parte da vida orientando relacionamentos e práticas saudáveis.
De quem é a igreja que você frequenta?
Nova Andradina, 15 de Novembro de 2011.
Antonio Sales                          profesales@hotmail.com

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