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terça-feira, 8 de novembro de 2011

O PROCESSO DIVINO DE SIMPLIFICAÇÃO


Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa, pela fé em Jesus Cristo, fosse dada aos crentes. Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei, e encerrados para aquela fé que se havia de manifestar”(Gl 3:22,23).
Ao elaborar o plano da salvação Deus optou pelo processo simplificado porque as pessoas, de modo geral, têm habilidades diferentes. Uma apresenta facilidade para determinada ação ou para certo comportamento. Outra apresenta preferências e habilidades para outras ações e comportamentos. As habilidades são múltiplas e as diferenças pessoais também.
Uns suportam com facilidade certas provas e cedem facilmente diante de outras. Para outros as dificuldades estão na ordem inversa. Os níveis de dificuldades são múltiplos e as diferenças individuais também são múltiplas. Essas dificuldades também variam com a experiência da pessoa, portanto, em cada idade há um grau diferente de dificuldades e de facilidades.
Um tratamento individualizado exigiria classificar as pessoas levando em conta as suas dificuldades e facilidades e os diferentes graus com que elas se apresentam. A graça divina teria distribuição gradativa, isto é, proporcional às dificuldades de cada um.
Deus, porém, procurou um caminho mais fácil, um método simplificado de resolver o problema. Ele encerrou a todos debaixo do pecado, considerou todos no mesmo nível e dificuldade e liberou a graça em quantidade suficiente para todos (Gl 3:22). É por isso que Paulo afirma que Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há masculino nem feminino; porque todos vós sois um, em Cristo Jesus”(Gl 3:28) e afirma ainda que todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3:23).
É interessante que Ele nivelou por baixo as dificuldades e habilidades e nivelou por cima a dispensação da graça. É como se Ele dissesse: é possível que sobre graça, mas é preferível sobrar para todos a faltar para alguns.
“Aquela fé que se havia de manifestar”, de que fala Paulo, penso ser uma referência à aceitação da graça por parte do pecador.
Na perspectiva da promessa divina, do plano simplificado da salvação, a lei (especificamente os dez mandamentos) não é incorporada à proclamação do evangelho porque não importa o grau de pecado (maldade, fraqueza, desobediência aberta ou não), importa somente a grandiosidade da promessa (disponibilidade da graça).
Isso é difícil de entender por quem tem o legalismo como sua base de formação. A pergunta imediata que surge é:
Por que a lei foi dada?
Paulo diz que é por causa da transgressão (Gl 3:19). Ela foi dada para aprisionar o selvagem, para inibir os maus, para controlar os não-convertidos até que viesse a fé ou promessa (Gl 3:23). A lei, conforme a concebemos normalmente e os judeus a concebiam também, é para os transgressores. Lei para os judeus era (e para muitos hoje ainda é) sinônimo de proibição, de controle.
Este texto tem outra concepção da lei, como será exposto logo mais.
Esclareço não estou propondo que façamos o jogo da lei contra a graça ou fé. Concordo com Paulo que a lei não é contra as promessas (Gl 3: 21) e nem as promessas contra a lei. Elas atuam em esferas diferentes da vida humana. Não há oposição, há funções diferentes. Para ajudar na compreensão apresento a seguir as três funções da lei.
A lei tem três funções específicas, a saber:
1.      Controlar, coibir, impedir, definir erros.
Essa função se aplica aos não-conversos. Os preceitos de “não matarás”, “não furtarás” são para os não-conversos, para quem não foi atingido  pela “flecha” transformadora da graça. Toda proibição só faz sentido para os maus, para os caídos, para os não-civilizados.
Controle é a concepção judaica  da lei.
2.      Orientar relacionamentos.
Ao estipular os direitos dos outros e definir os meus limites ela orienta os meus relacionamentos.
O sermão do monte contém princípios orientadores de bons relacionamentos. Nos capítulos treze e quatorze da carta aos romanos, Paulo também enfatiza essa função da lei.
Como fonte de orientação a lei se faz necessária para todos, indistintamente. É a sua função educativa. Os conversos também precisam ser educados, orientados.
3.                      Estimular práticas socialmente saudáveis.
Respeitar os idosos, proteger as crianças, suportar os fracos na fé, apoiar projetos sociais, amar o próximo como  a si mesmo, fazer brilhar a luz, ser sal da terra, orar pelos inimigos, são práticas saudáveis que a lei estimula. Essa função somente faz sentido  entre os convertidos. Somente para os “bons” faz sentido estimular as suas práticas.
Como se pode ver, lei aqui tem sentido amplo. É toda instrução, toda regra.
Os estímulos são para os cristãos, as orientações são para todos e as proibições são para os perversos. Por isso Paulo diz que ela vigora até que chegue a fé.
O que faz sentido dizer para o convertido?
a)que ele não deve adulterar, b) como evitar cair nessa cilada ou c) como respeitar o cônjuge?
Nova Andradina, sábado,  05 de novembro de 2011.
Antonio Sales   profesales@hotmail.com

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