O Segundo Mundo
Antonio Sales profesales@hotmail.com
Nos textos anteriores falamos da nossa intenção em analisar quatro concepções de mundo. Analisamos rapidamente a primeira delas, o aspecto físico do nosso planeta, focalizando o problema ambiental e iniciamos analisando a sociedade, o mundo das pessoas com as suas relações, leis, modo de vida, produção intelectual e moral, etc..
Dissemos estar conscientes de que, apesar dos nossos esforços, a questão ambiental está uma lástima e devemos envidar esforços para que o processo de deterioração ambiental seja retardado o máximo possível. Mas, expressamos também a nossa crença de que a sociedade vem melhorando em quase todas as dimensões. Continuaremos apresentando as razões porque cremos assim.
No nosso entender, nunca neste mundo tivemos tanta consciência de que devemos respeitar o meio ambiente. No passado ele era simplesmente destruído. Hoje se discute as conseqüências e planeja-se a instalação da indústria para que cause o menor impacto negativo. Avançamos.
Até os animais hoje são mais respeitados. Já estamos protegendo-os. Isso indica que há mais respeito pela vida. Estamos melhores.
Já ouvi alguém dizer que atualmente temos mais conhecimentos e menos discernimento. Discordo. Estamos lutando para proteger o ambiente, estamos falando em favor da vida com muito mais intensidade. Estamos respeitando muito mais as pessoas e os animais. Hoje há muito menos cenas de vingança familiar. Há muito mais escolas produzindo pensamento nas crianças. Com afirmar que há menos discernimento?
Há muito mais voluntariado em favor de boas causas. Há ONG em favor do ambiente e em favor dos presos. Temos ONG em favor dos drogados, etc. Estamos mais preocupados em recuperar as pessoas que, por alguma razão, estão com dificuldade em relacionar-se ou perderam o estímulo para viver em sociedade.
Quem gostaria de ter um vizinho que tivesse a mentalidade da Idade Média, disposto a resolver tudo à base do revólver ou do facão? Hoje, há mais diálogo e tolerância.
No passado, não muito distante, se uma garota fosse estuprada nós a isolávamos e fazíamos tudo para evitar que nossos filhos se juntassem a ela. Era como se ela fosse a grande provocadora do problema e iria desvirtuar nossas crianças. Hoje, como é diferente! Denunciamos o estuprador, apoiamos a sofredora e ainda reclamamos se lhe faltar assistência psicológica.
O conhecimento trouxe nova consciência. Trouxe incredulidade? Possivelmente. Mas, a credulidade antigamente era fé ou medo de Deus? A religiosidade era por amor ou por falta de opção? Era fé ou falta de coragem de se opor a alguma coisa que não ia bem?
É certo que quando assistimos ao noticiário ficamos com a impressão de que no Brasil (e no mundo também) estamos caminhando para a barbárie. Penso, porém, que em relação a isso a situação, se não está melhor, também não está pior. Já tivemos períodos de banditismo. Basta lembrar do Lampião, no nordeste, e dos irmãos do Baianinho, aqui em nossa região.
No aspecto moral talvez alguns suponham que estejamos piores porque antigamente não havia motéis enquanto hoje há um em quase cada esquina. Mas isso não significa que o adultério e a traição aumentaram. Apenas nos diz que antigamente as pessoas não tinham o conforto que têm hoje, que o adultério era praticado nas piores condições. A traição é muito antiga e com a mesma intensidade de hoje. E não eram somente os homens que traíam porque eles sempre traem com alguém. Não creio que a presença dos motéis seja um indicativo de que a nossa condição moral esteja pior.
Temos, atualmente, tolerância religiosa na maioria dos países. Imagine o que era ser adventista no início do século XX, aqui mesmo em nosso Estado! Demos graças a Deus, por essa tolerância.
A corrupção, no passado era a mesma que temos hoje, apenas não era divulgada.Os meios de comunicação eram mais escassos e menos independentes. Hoje já discutimos sobre como combater a corrupção. Não é um progresso moral, uma vitória da ética?
A exploração do homem pelo homem era a mesma e talvez até tenha diminuído porque há fiscalização e repressão. Um escravo que fugia era capturado por forças oficiais e devolvido ao dono para pagar pela ousadia. Hoje, quando há denuncia de escravidão, o Estado toma as devidas providências a favor do escravizados. Também nesse aspecto estamos melhores!
Continuaremos no próximo número.
Agosto de 2008
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