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sábado, 23 de julho de 2011

A Oração



Muitas são as definições de oração e muito se pode discutir sobre o significado dela. Neste texto oração tem o significado de conversa com Deus, desabafo da alma perante o Eterno, palavras de agradecimento a Deus ou solicitação de ajuda. Pode ser cantada, falada, ou apenas sussurrada. Pode ser em público ou em particular e pode ser espontânea ou memorizada. Enfim, oração neste texto é comunicação do ser humano com o Eterno.
As religiões incentivam a sua prática como forma de aumentar a comunhão, servir de intercessão, aumentar a confiança em Deus, superar problemas de caráter, diminuir a insegurança ou angústia, enfrentamento da tentação, busca de sabedoria ou orientação para decisões importantes, e assim por diante.
Acreditamos que a oração é realmente importante e tem muito a contribuir para o bem-estar emocional e espiritual do ser humano. Defendemos que a sua prática deve ser incentivada, mas pensamos que muito do que se diz sobre o efeito e poder da oração não passa de mitos e, talvez, de hipocrisia ou desculpa por parte de quem divulga.  
Da nossa parte acreditamos que a oração não é panacéia contra todos os males como supõem alguns religiosos. Estamos certos de que a oração não é remédio contra a violência porque o violento não permite que Deus atue na vida dele, logo, o meu pedido não surtirá efeito porque Deus não intervém contra a vontade humana. A oração não é um poder mágico que flui diretamente do devoto em oração para o objeto da mesma.
A oração não cura apendicite (e outras tantas doenças que exigem cirurgia) e a prova disso é que ninguém espera em oração pela cura. Antes, pelo contrário, procura imediatamente um cirurgião.
A oração não proporciona diplomas e não profissionaliza ninguém. Essa é uma tarefa das escolas técnicas e universidades. A oração não transforma o caráter porque este é resultado de uma decisão individual, de mudança de hábitos e do cultivo de um comportamento socialmente aceito.
A oração não cura fraturas expostas.  A oração, em caso de acidente, não protege um e deixa o outro à míngua porque se fizesse isso revelaria um Deus parcial e diferente daquele que Jesus disse que “faz chover sobre justos e injustos” (Mt 5:46 ).
A oração não nos isenta de responsabilidades. Ela não nos desobriga de tomar decisões.
Em algumas igrejas a liderança procura resolver as questões administrativas e relacionais através de oração. Dos casos que conhecemos nenhum foi resolvido e a igreja entrou em decadência. Essa atitude de tentar resolver os problemas através de oração trouxe à tona um pastor inseguro, de caráter fraco, indeciso e, tecnicamente incompetente.
A oração não é um recurso de preparo de sermão por quem não estuda. Muitos pregadores procuram nos convencer de que o sermão a ser apresentado por ele representa a voz de Deus fazendo uma oração antes de iniciar o seu pronunciamento. Em todos os casos que presenciamos essa foi apenas uma forma de acobertar a incompetência ou falta de preparo, porque o sermão apresentado, com certeza, deixou Deus envergonhado pela sua pobreza de conteúdo e até incoerência no pronunciamento. Em muitos casos, tem-se a vontade de perguntar ao pregador porque ele não orou pedindo ajuda a um Deus mais inteligente se é que o sermão foi orientado por Ele através da oração.
A oração não deve ser o único recurso para resolver problemas familiares. Educação de filhos exige planejamento e ação. A manutenção da família exige trabalho e laboriosidade, além  da oração. A “harmonia” entre os cônjuges é resultado de esforço, compreensão, tolerância, desprendimento, maturidade emocional e intelectual, conhecimento das necessidades do outro e disposição para colaborar. A oração é a menor parcela.
A aprovação em concurso exige muito estudo e a oração é apenas um fator coadjuvante para diminuir a tensão no momento da prova.
Em caso de viagem é mais seguro levar o carro em um mecânico para uma revisão do que confiar na oração e sair de casa com o motor prestes a fundir ou com os pneus em etapa final de desgaste.
Em caso de sua casa ser assaltada, e você ser feito refém, é preferível que os vizinhos chamem a polícia ao invés de se reunirem para orar. Em caso de um familiar drogado é mais produtivo buscar ajuda em grupos de apoio e clínicas de recuperação do que ficar recluso em casa orando.
Em todos os casos citados a oração tem o seu lugar e pode contribuir para que alguns problemas se tornem mais fáceis de serem resolvidos, porém ela não deve ocupar o lugar da ação.
Dessa forma concluímos que o que exige ação não pode ser motivo apenas de oração. 
Antonio Sales
profesales@hotmail.com
Produzido em 23/07/2011

2 comentários:

  1. REalmente, na hora do vamos ver, sempre a prevenção é o melhor remédio..
    Contudo, precisamos do conforto pscológico..

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  2. César, há momentos da vida que nada parece servir de conforto. Nesses momentos a "alma" sofre menos se orarmos.

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