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quinta-feira, 14 de julho de 2011

Analisando o Mundo-III




O Terceiro Mundo
Antonio Sales  profesales@hotmail.com
Já estamos falando sobre o mundo há algum tempo. Por uma questão didática nos propusemos analisar quatro concepções de mundo. O mundo enquanto meio ambiente, isto é, os aspectos físicos e biológicos do planeta, é a primeira concepção. A segunda concepção é do mundo  enquanto sociedade. A terceira é aquela que concebe  que as pessoas que não seguem o evangelho são mundanas, isto é , do mundo. Esse é o terceiro mundo
É pensando na sociedade que afirmamos em um texto anterior que acreditamos que o mundo está melhorando. Ele está, no nosso entender,  incomparavelmente melhor do que foi no passado.
 Já apresentamos algumas razões e neste momento queremos focalizar mais algumas delas.
Uma das razões é que conseguimos vencer alguns preconceitos. Estamos bem avançados  na superação do preconceito contra as mulheres e as crianças. Já não é mais vergonhoso um homem que se casa com uma mãe solteira ou divorciada assumir o filho dela. Estamos conscientes de que a criança nada tem a ver com os desacertos dos pais. Entendo que isso é profundamente significativo.
Às vezes nos sentimos chocados com a onda de violência que assola algumas regiões tal como os seqüestros ou as guerras, muitas vezes, fratricidas. Concordo que isso deve nos causar horror. Entendo que  ainda há muito por fazer, que a sociedade está longe do ideal. No entanto, tenho dúvidas se, nesse aspecto, estamos piores do que já estivemos no passado.
As guerras eram mais freqüentes e causavam mais terror  porque eram contra todos, inclusive contra civis e animais. Hoje se procura proteger a sociedade civil, naquele tempo matavam-se crianças e estripavam-se mulheres grávidas pelo prazer de ver os corpos entendidos no chão. Hoje o soldado que  fizer isso é considerado  “bárbaro” naquele tempo era o guerreiro mais respeitado, o comandante da tropa. Além do que as guerras fratricidas aconteciam regularmente (ISm14:52; IISm. 3:1;IISm 11:1; IIRs.15:16).
Os vencedores não apenas atacavam a população civil como também faziam maldade com os animais (II Sam. 8:4) dos soldados vencidos.
Hoje há barbárie, sem dúvida alguma. Vemos crianças sendo assassinadas brutalmente, meninas sendo estupradas pelos próprios pais ou padrastos. 
No passado também acontecia essas coisas, porém,  com uma diferença:  em nossos dias o malfeitor quando, denunciado, responde pelos seus atos. No passado o “bárbaro” era protegido pela lei porque lá quem fazia isso era o rei. Quantas mulheres teve Salomão ( I Reis 1:1-4)? Será que teria  havido um concurso e elas teriam se candidatado? Não. Elas não tinham opção, eram levadas à força para o palácio. Veja o caso de Bate-Seba (IISm 11:3, 4)  e de Ester (Et 2:2,3). O abusador no passado era o rei, era o senhor feudal, o soldado vencedor, o comandante do exército e o feitor ou dono de escravos. Nada se fazia contra eles, porque eram amparados pela força, pelos costumes, pela lei.
Não tenho dúvidas. Apesar das mazelas  da nossa sociedade ela está melhor. Hoje temos, pelo menos,  o direito de gritar por socorro e temos para quem gritar.
Portanto, quando  mundo para mim significa as pessoas, suas regras de conduta, seus valores, seu modo de ser, eu não consigo entender como podemos afirmar que ele está piorando.
Mas existe a terceira concepção de mundo. Mundo como aquela parte da sociedade que não é evangélica, isto é,  as pessoas que não seguem o evangelho. Dizemos que “são pessoas do mundo”, ou mundanas.
Às vezes penso que somos descorteses com essas pessoas, considerando-as piores do que nós. Mas, será que elas são piores do que nós? Seriam elas pessoas indignas de confiança?  Não haverá entre elas  nenhuma que defenda a família? Serão todas corruptas?
É evidente que há, nesse mundo, pessoas maldosas, pessoas corruptas, mas tenho encontrado, entre elas,  famílias orgulhosas da integridade moral  dos seus filhos. Tenho encontrado jovens não cristãos com elevados princípios morais e com profundo interesse  pelo estudo e trabalho.
O próprio Jesus disse (João 10:16):  Anda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor”. E, afirmou ainda em (Lc 16:8): “E louvou aquele senhor o injusto mordomo, por haver procedido prudentemente, porque os filhos deste mundo são mais prudentes, na sua geração, do que os filhos da luz.”
Muitos deles estão fazendo melhor uso das oportunidades. Estão agindo com muita  prudência.
Por essa razão creio que esse mundo (das pessoas não cristãs) também não é tão mau assim.
Hoje quando me perguntam  o que faria se fosse começar tudo de novo costumo brincar dizendo que pediria para nascer no século XXI.
Embora não tenha nenhum preconceito ou complexo em relação à minha idade (não pedi para ser mais velho ou mais novo do que ninguém, portanto, não tenho do que me envergonhar ou arrepender com relação a isso) entendo que as pessoas que nascem hoje  têm  mais chances de aprender a ser humanas mais cedo. Elas têm  chances de começar conviver mais cedo com uma igreja tolerante, menos hipócrita e que respeita aqueles que ousam pensar diferente.
Ah, o mundo, no aspecto humano, está  sem dúvida alguma muito  melhor.Porque então criamos essa concepção de que o mundo está piorando?
Suponho que em algum momento alguém nos disse que Cristo somente virá se o mundo se tornar inabitável, se todo mundo estiver pronto para ser destruído. Acreditamos nisso e começamos repetir essa fala  sem pensar.
Mas isso não é  a verdade. Cristo virá quando Ele quiser vir, independente de como estiver o mundo. Ele virá na Plenitude do Tempo como disse o apóstolo em  Ef. 1: 10:  “De tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra”.
Plenitude de que tempo? Tempo de Deus. Não na plenitude do meu tempo ou do tempo do mundo. Não podemos determinar  volta de Cristo. Não temos a agenda de Deus. Não nos foi dada a missão de dizer  em que condições Ele deve vir.
Ele tem motivos universais para agir. Ele tem que atender aos interesses do universo  e não aos nossos  interesses. Mat.5:45
Não temos nenhuma razão para continuar repetindo que o mundo vai de mal a pior. Mas, o que fazer se já  estamos acostumados a pensar em termos de um mundo  que está piorando? Quais as conseqüências desse modo de pensar? Veremos no próximo número.
Setembro de 2008.

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